Esta investigaçäo, desenvolvida em 1990, objetivou: mensurar e analisar a estrutura da rotatividade dos trabalhadores de enfermagem alocados nos nove hospitais gerais com especialidades do município de Ribeiräo Preto; caracterizar e analisar os motivos de desligamento do emprego referidos por estes trabalhadores. Através da aplicaçäo de indicadores globais da rotatividade como as taxas de admissäo e de desligamento, taxa líquida de substituiçäo e permanência média no emprego, em anos; e de indicadores específicos como a mediana de tempo de serviço do grupo de trabalhadores demitentes e curva de sobrevivência no emprego, quantificamos a rotatividade. Utilizando entrevistas semiestruturadas procuramos conhecer os motivos pelos quais os trabalhadores de enfermagem desligaram-se do emprego no período estudado. A análise dos resultados foi desenvolvida tomando como pano de fundo o processo de reorganizaçäo do setor saúde, especialmente no município de Ribeiräo Preto e sua articulaçäo à dinâmica econômica e política presente no período em o estudo foi realizado. Os resultados evidenciaram elevada rotatividade da força de trabalho em enfermagem na rede hospitalar analisada principalmente nos hospitais filantrópicos. O hospital público, em coparaçäo aos privados e filantrópicos foi onde encontramos níveis mais baixos de rotatividade. As categorias atendente e enfermeira foram as mais substituídas e, consequentemente as menos estáveis no emprego. Pela análise das entrevistas caracterizamos alguns determinantes do desligamento do emprego na perspectiva do trabalhador de enfermagem, entre eles: a organizaçäo do trabalho de enfermagem que orientada pelos pressupostos taylorísticos cria possibilidades de rápida substituiçäo da força de trabalho, racionaliza custos e assim determina a rotatividade; a supervisäo nos seus três componentes: o educativo, o controle e o político, pela forma com foi explicitada nos relatos, também pode estar contribuindo na determinaçäo dos níveis de rotatividade encontrados; as condiçöes de trabalho traduzidas nos salários, benefícios, volume de atividades desenvolvidas, horários e turnos de trabalho, foram apontados como elementos determinados e determinantes da rotatividade; a opçäo pelo ingresso no trabalho de enfermagem mostrou-se, nos relatos analisados, permeada por elementos ideológicos, ocultando dessa forma todos os conflitos e contradiçöes deste trabalho, a rotatividade entäo pode estar constituindo-se num instrumento utilizado pelos trabalhadores para enfrentarem essas contradiçöes. A rotatividade, um dos movimentos da força de trabalho no mercado também foi caracterizada, neste estudo, enquanto uma política utilizada na administraçäo de Recursos Humanos, efetivando a intermediaçäo entre o grau de produtividade institucional e o custo da força de trabalho empregada.