Foram estudados, de forma prospectiva e controlada com desenho metodológico tipo coorte, 145 pacientes portadores de afecçöes cirúrgicas de esôfago, estômago e eduodeno. O objetivo era avaliar os efeitos do estado nutricional sobre a incidência de complicaçöes infecciosas pós-operatórias. Essas incluíram infecçäo de ferida operatória, intrabdominal, pulmonar e septicemia.

Os métodos utilizados para a avaliaçäo nutricional foram:

dosagem de albumina sérica, contagem total de linfócitos, perda de peso e testes cutâneos de hipersensibilidade tardia. Dos 145 casos, 54 (37,2 por cento) eram de cancer, e 91 (62,8 por cento) de doenças benignas. A idade média foi de 49 ñ 16,54 anos, com variaçäo de 15 a 89. Oitenta e quatro (57,9) por cento eram do sexo masculino e 61 (42,1 por cento) do feminino. No grupo de cancer, nenhum dos critérios propostos previu risco relativo de complicaçöes infecciosas pós-operatórias ligadas ao estado nutricional. Por outro lado, no grupo de doenças benignas a hipoalbuminemia (p<0,0004) e linfocitopenia (p<0,0244), respectivamente com riscos relativos de 7,50 e 4,05, correlacionaram-se de forma significativa com complicaçöes infecciosas pós-operatórias. A perda de peso e os testes cutâneos de hipersensibilidade tardia näo se relacionaram com risco. Ao se analisar a relaçäo entre as variáveis nutricionais e o tipo de infecçäo no grupo de doenças benignas, verificou-se quea hipoalbuminemia se correlacionou diretamente com os diferentes tipos de infecçäo. Apesar de o material näo permitir conclusöes definitivas, alguns pontos se mostram de relevância e merecem novas investigaçöes: a) no grupo näo cancer, a hipoalbuminemia (<3,5g/dl) e a linfocitopenia (<1500/mm3), ao contrário dos testes cutâneos de hipersensibilidade tardia negativa e perda de peso superior a 10 por cento, se correlacionaram diretamente com riscos de complicaçöes infecciosas pós-operatórias; b) no grupo de cancer, nenhum dos testes de avaliaçäo nutricional utilizados pode ser considerado como indicador de risco para complicaçöes infecciosas pós-operatórias; c) para que se consiga predizer risco relativo de complicaçöes, em cirurgia do trato digestivo alto, é necessário separar casos de cancer e näo cancer.