Apresenta a narrativa de pacientes psiquiátricos sobre sua história pessoal, com suas experiências com o atendimento psiquiátrico, verificando até que ponto o discurso competente sobre a loucura, instituído e legitimado pela ideologia dominante, é absorvido por estes Ss e em que medida sua fala tem possibilidades de se constituir como um antidiscurso. Entrevista 4 pacientes especiais, gravando suas narrativas com anuência prévia dos Ss e depois transcritas. A análise clínica do material explicita aspectos latentes contidos na fala dos Ss, buscando inicialmente o sentido do drama vivido por cada um. Destaca seus conceitos, imagens e fantasias a respeito da loucura e/ou doença-mental, avaliando que tais representaçöes säo fruto da relaçäo dialética que se estabelece entre a singularidade do drama pessoal e a generalidade do contexto social do qual emergem. Capta sistemas de pensamento organizados em verdadeiras teorias psicopatológicas, as quais se articulam ao redor de concepçöes da loucura provenientes de posicionamentos alinhados com o discurso competente que considera a loucura um processo natural de adoecimento interno, ou dele adivergentes e que a atribuem a agentes psicossociais ou místicos. A expressäo "universo em desencanto", usada por uma paciente, traduz e condensa o drama daqueles que passam pela experiência da loucura e säo submetidos ao tratamento psiquiátrico