Distúrbios psiquiátricos na gravidez e puerpério: atualizaçäo
Publication year: 1991
A gravidez e o pós-parto säo períodos durante os quais a maioria das mulheres näo espera tornar-se deprimida e essa eventualidade geralmente näo figura entre as preocupaçöes das pessoas que as cercam: maridos, pais, amigos e mesmo os ginecologistas e obstetras que as assistem. No primeiro trimestre da gravidez, muitas mulheres experimentam cansaço, letargia, labilidade emocional, irritabilidade, mudanças de apetite, diminuiçäo da libido e distúrbios do sono. Estes sintomas frequentemente säo acompanhados de sentimentos de apreensäo. Estes sentimentos de apreensäo podem relacionar-se ao estado presente e à saúde futura do bebê, assim como a problemas pessoais relacionados com a capacidade de adaptaçäo e às demandas da maternidade. Na maior parte dos casos, esta condiçäo melhora em torno da metade da gravidez. Entretanto, em aproximadamente dez por cento dos casos, estes sintomas podem tornar-se severos, persistentes e suficientemente invalidantes para serem encarados como parte de um Episódio Depressivo clinicamente significativo. Existem evidências que para algumas mulheres a gravidez é o início de problemas emocionais e interpessoais a longo prazo. Somente uma minoria destas mulheres procura ajuda ou é identificada pelo ginecologista como sendo portadoras de depressäo. Os distúrbios psiquiátricos mais graves preexistentes à gravidez, geralmente säo exacerbados após o parto e näo durante a gravidez, entretanto, esta eventualidade pode ocorrer. A Depressäo Gravídica ou Pré-Natal ocorre mais frequentemente em mulheres com história prévia de problemas psiquiátricos e especialmente, quando a relaçäo marital está perturbada. Uma maior incidência de depressäo também é observada em mulheres com conflitos severos acerca da própria maternidade, provocados por história passada de gravidez interrompida ou de consideraçäo acerca da possibilidade de interromper a gravidez presente. A existência de um elo entre tais fatores e a Depressäo Gravídica leva à consideraçäo que alguma forma de aconselhamento e esclarecimento pode ser de ajuda imediata e servir como prevençäo. A tomada de consciência do problema e as medidas suportivas, preferentemente compreendendo a colaboraçäo do marido e de outros membros da família, podem ser suficientes para evitar o agravamento. No entanto, quando estes distúrbios assumen a forma de Depressäo Maior, Distúrbio Bipolar, Esquizofrenia, Distúrbios Severos de Personalidade, cabem medidas enérgicas e impöe-se ajuda do psiquiatra.