A prevalência de descolamento de retina e das lesöes retinianas periféricas a ele associadas foi pesquisada em 57 pacientes (109 olhos) portadores de sídrome de dispersäo pigmentária do segmento anterior, examinados num período superior a 7 anos. A idade média destes foi 46 anos. Em funçäo da pressäo ocular, do campo visual e do aspecto da papila, eles foram divididos em 3 grupos: pacientes sem glaucoma, suspeitos de glaucoma e glaucomatosos. Todos foram examinados com oftalmoscopia binocular indireta e depressäo escleral, e biomicroscopia com lente de contacto de 3 espelhos. A prevalência de descolamento de retina nestes pacientes foi comparada com a obtida em 500 olhos normais, 500 olhos míopes de pelo menos 1 dioptria e 110 olhos glaucomatosos, sem dispersäo pigmentária. Encontrou-se nesta patologia uma prevalência mais elevada de descolamento de retina do que nos olhos normais. Verificou-se ainda uma forte tendência do descolamento a ocorrer em proporçöes mais elevadas: a) na dispersäo pigmentária sem glaucoma e no glaucoma pigmentário do que nos olhos normais; b) nos olhos míopes de pelo menos 1 dioptria com dispersäo pigmentária do que nos míopes de pelo menos 1 dioptria sem esta patologia e c) no glaucoma pigmentário do que nos olhos glaucomatosos sem dispersäo pigmentária. O descolamento de retina foi identificado, com maior frequência, no glaucoma pigmentário do que na dispersäo pigmentária sem glaucoma. Todos os olhos com descolamento apresentavam dispersäo pigmentária intensa. A miopia, presente num percentual significativo de olhos, näo foi aparentemente, responsável pela frequência elevada de descolamento de retina na dispersäo pigmentária, embora sua presença possa ter aumentado o risco deste. A prevalência da maioria das lesöes retinianas periféricas na dispersäo pigmentária foi comparável aos achados de outros autores em olhos normais e míopes sem esta patologia. Foram feitas consideraçöes sobre o tratamento profilático destas lesöes.