Aborda a partir de um manuscrito teórico (revisäo de literatura) e dois artigos empíricos inéditos o tema secular em estatura. A discussäo teórica foi explorada sob a perspectiva histórica, tendo como arcabouço os trabalhos de Robert W. Fogel, Roderick Floud, entre outros. A literatura acadêmica, sobretudo européia e norte-americana, indica que dados históricos de estatura constituen-se em uma potente estratégia alternativa para caracterizar o padräo de vida de populaçöes, assim como para monitorar mudanças no contexto econômico de um país. A dinâmica do fenômeno no Brasil foi explorada a partir de dados coletados na Marinha. Para o período de 1940 a 1965 foram analisados somente dados de recrutas, enquanto que entre 1970 e 1977 as análises também incluíram alistados. Foram analisados somente indivíduos com idade entre 18,00 e 18,99 anos. Os resultados demonstraram que a tendência foi de aumento em estatura desde a segunda metade da década de 40, com maiores ganhos proporcionais nos anos 70 provavelmente devido ao crescimento econômico experimentado pelo país na época. As principais explicaçöes oferecidas sugerem como efeitos importantes deste crescimento, o maior acesso a serviços essenciais, sobretudo os de saúde; maior disponibilidade de alimentos; e a diminuiçäo da pobreza. Resultado bastante surpreendente foi a tendência negativa evidenciada entre os alistados de mais baixa escolaridade (1970 a 1977). Um importante achado foi o elevado grau de instruçäo verificado entre os alistados e recrutados pela Marinha, o que evidencia que estes indivíduos constituem um grupo extremamente selecionado do ponto de vista sócio-econômico. Assim os dados da Marinha näo podem ser diretamente extrapolados para a populaçäo brasileira em geral. E importante que sejam realizados mais estudos visando monitorar o fenômeno de tendência secular, à medida que näo existem sinais, pelo menos por enquanto, de esgotamento do potencial de crescimento nesta amostra de indivíduos da Marinha.