Neste trabalho buscou-se compreender a prática de ensino da enfermagem em saúde mental para analisar a relaçäo entre o processo de ensinar e o processo de aprender e as concepçöes presentes no novo paradigma da saúde mental expresso na política específica para essa área. Os elementos teóricos que fundamentaram o presente estudo têm como base o referencial teórico-filosófico do materialismo histórico-dialético. Como baliza para o conhecimento do objeto foi estabelecida a categoria analítica ideologia. A construçäo das categorias empíricas foi realizada a partir da depreensäo de temas contidos nos depoimentos de cada docente entrevistada e que foram expressos em frases, entäo, agrupadas por afinidade. A investigaçäo revelou que as concepçöes dos agentes de ensino sobre os fenômenos saúde-doença estäo, basicament, fundadas na concepçäo docotômica do normal e do patológico. O processo de trabalho dos docentes tem como finalidade o ensino de um saber/instrumento terapêutico que tem açäo interventiva sobre um dos objetos da assistência - o comportamento da pessoa doente. A naturalidade da relaçäo objeto, finalidade e meio consolida um saber específico, que configura-se como saber ideológico dominante na área psiquiátrica e que se contrapöe às propostas de reformulaçäo da assistência contidas na atual política de saúde mental. Sugere-se que a superaçäo das contradiçöes internas e externas, primeiramente deva passar por um processo de reflexäo coletiva dos agentes de ensino sobre o seu trabalho, de forma a recuperaram para si as contradiçöes encontradas neste estudo. A re-definiçäo do objeto, finalidade e instrumento do processo ensinar passará por um re-olhar da prática e de seu processo de trabalho. A superaçäo dar-se-á em outro momento, na construçäo de um modelo que possibilite a definiçäo de instrumentos. Reconhece-se que esse cominho em busca da superaçäo vem sendo trilhado e que a passagem de um ensino modular e normativo para um modelo onde näo há instrumentos e intervençöes pré-definidas, necessitará näo só de mudanças de atitudes mas, também, de mudanças institucionais e estruturais.