O Saturnismo e a PAI representam porfirias relacionadas ao acúmulo de ALA, como resultado da inibiçäo de várias enzimas da via biossintética do heme pelo chumbo e defeito genético na biossíntese da PBG-desminase, respectivamente. Bechara et al (1993 - artigo de revisäo) propöem a auto-oxidaçäo da forma enólica do ALA catalisada por complexos de ferro, gerando espécies reativas de oxigênio e o radical ALA, como processo disparador dos sintomas observados nessas patologias. O efeito deletério destas espécies sobre importantes macromoléculas (proteínas, DNA) e estruturas celulares (mitocôndria, retículo endoplasmático) foi evidenciado em vários estudos in vivo e in vitro. O objetivo desta tese é estudar o envolvimento de ALA como espécie pro-oxidante no saturnismo e no processo de envelhecimento. Para tanto, foi necessário o desenvolvimento de um método de dosagem do ALA, pois os métodos até entäo descritos na literatura embora dotados de sensibilidade adequada, eram extremamente trabalhosos e lentos devido ao elevado número de etapas envolvidas na preparaçäo da amostra. O método aqui descrito utiliza a cromatografia em fase reversa em HPLC acoplado a um detector eletroquímico e a derivatizaçäo pré-coluna do ALA com omicron-ftalaldeído (OPA) a um produto indólico. De posse de um método simples e seletivo para a quantificaçäo do ALA, o passo seguinte foi analisar a correlaçäo dos níveis do ALA em plasma com os de chumbo eritrocitário, protoporfirina IX eritrocitária, superóxido dismutase eritrocitária, metehemoglobina (sangue) e quimioluminescência (urina) em amostras coletadas de indivíduos expostos ocupacionalmente ao chumbo. Os resultados obtidos indicaram um grau de correlaçäo acentuado entre vários dos parâmetros testados reforçando o papel do ALA como espécie pró-oxidante de relevância na etiologia do saturnismo. Além disso, foram determinados os níveis de ALA em plasma, fígado e cérebro de ratos caracterizados como adultos jovens (6-8 meses) e velhos (24 meses) e sua correlaçäo com parâmetros indicativos do status oxidativo destes animais. Foi observado um aumento significativo do ALA nos ratos velhos tanto em plasma como em fígado, sendo que o mesmo apresentou uma correlaçäo positiva em fígado e cérebro com ferro näo hemínico, carbonil proteína e "thiobarbituric acid reactive substances" (TBARS). Esses dados nos permitem inferir ao ALA um papel pró-oxidante no processo de envelhecimento