O desenvolvimento da forma hepatatoesplênica da esquistossomose mansônica, ainda näo foi completamente esclarecido. Geralmente säo invocadas a intensidade da carga parasitária, as reinfecçöes sucessivas ou periódicas, a resposta imunológica do hospedeiro, a raça e a terapêutica específica, como fatores marcantes para explicar a razäo pela qual, somente pequeno percentual dos parasitados desenvolve essa forma de doença. O presente trabalho faz parte do "Projeto sobre Esquistossomose na Chapada Diamantina - Bahia - Brasil", tendo como objetivo contribuir para o conhecimento do papel das variáveis intensidade de carga parasitária, reinfecçöes sucessivas, terapêutica específica e raça, no desenvolvimento da forma hepatoesplênica, por ser esta, a mais frequênte das formas graves da doença. Um programa de controle da esquistossomose foi desenvolvido em uma área hiperendêmica de esquistossomose, através do uso de moluscicida durante dez anos, com a ajuda da comunidade local. Exames clínicos e parasitológicos de fezes foram realizados antes, durante o período de interrupçäo da transmissäo e após o retorno da transmissäo da parasitose. Ao longo dos quinze anos de seguimento dessa populaçäo, algumas pessoas fizeram uso de medicaçäo anti-esquissomótica, por demanda espontânea e outras näo. A avaliaçäo parasitológica foi feita através os exames de fezes qualitativo e quantitativo, determinando a prevalência e a intensidade da carga parasitária, pelo número de ovos eliminados nas fezes e sua média geométrica. A avaliaçäo da evoluçäo clínica foi feita pela análise do tamanho do fígado e do baço, e pela classificaçäo das formas clínicas, comparando-se o exame inicial com os exames subsequentes. Os principais parâmetros clínicos de evoluçäo - hepatomegalia, esplenomegalia e forma hepatoesplênica - foram analisados em relaçäo à populaçäo geral e ao tratamento específico. Em cada uma dessas situaçöes, os dados foram analisados de acordo com a idade e a raça. O processamento e a análise dos dados foram feitos de acordo com o modelo estatístico mais apropriado para determinado caso, utilizando-se pacotes estatísticos adequados e considerando-se como significante o encontro de p menor que 0,05. Os resultados obtidos permitem confirmar que a intensidade da carga parasitária está diretamente relacionada com o desenvolvimento da forma hepatoesplênica e que o grupo racial negro apresenta maior resistência a desenvolver esta forma clínica da doença...