Propöe uma investigaçäo dos fatos clínicos da parte psicótica da personalidade de um adolescente, submetido a processo psicoterápico, estabelecendo um diálogo entre a clínica e a teoria, especialmente formulada por Bion. O S é um paciente atendido desde 11 anos no Setor de Psicologia do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital do Servidor Público Estadual. Considerando o desenvolvimento do pensamento verbal, ou melhor, a entrada na posiçäo depressiva, essencial para a percepçäo da realidade psíquica conforme Bion (1953), efetua análise dos processos do pensamento, utilizando a verbalizaçäo do paciente às sessöes psicoterápicas e o relato de sonhos como uma forma de comunicaçäo. Aplica a metodologia de avaliaçäo mental através do WISC, avaliaçäo da personalidade através do Teste de Rorschach e entrevistas. Observou significativas alteraçöes no desenvolvimento do pensamento verbal, näo só na verbalizaçäo do paciente às sessöes, como também no processo perceptivo às pranchas de Rorschach sugerindo, segundo Bion (1957), intensos ataques destrutivos da parte psicótica da personalidade ao aparelho de percepçäo ou ao pensamento verbal incipiente. Evoluçäo na organizaçäo do pensamento foram verificadas como uma funçäo da internalizaçäo, ou seja, como reintrojeçäo das partes cindidas, tendo como base a relaçäo de continência. Utiliza na reavaliaçäo do paciente ao final do tratamento após 8 anos a Escala de Inteligência para Adultos (WAIS) cujos resultados situaram-no em torno da faixa média. Aponta que o estabelecimento de vínculos de amor e conhecimento, veiculados pela transferência, possibilitaram ao paciente aprender com a experiência, permitindo-lhe avanços na percepçäo da realidade psíquica e da própria identidade