Trabalho em convés de navios químicos: um estudo sobre os riscos à saúde

Publication year: 1998
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:

Pouco estudado na literatura mundial e sem referências brasileiras disponíveis, o trabalho em convés de navios químicos representa um risco de exposiçäo à carga, risco este que varia de acordo com: a) natureza da carga, b) grau de automatizaçäo de navios e c) procedimentos utilizados na realizaçäo das tarefas. Descreve as operaçöes de três navios tanques que transportam produtos químicos numa rota que se inicia no Brasil, compreende Argentina, Caribe, Estados Unidos e termina o ciclo no Brasil. Apresenta dados da caracterizaçäo de um grupo amostral de 44 marítimos, quanto à distribuiçäo etária, hábitos de vida, história ocupacional, doenças pregressas e atuais, e queixas no momento do estudo. Em relaçäo à exposiçäo à carga, foram definidos três grupos homogêneos de exposiçäo: a) um grupo regularmente exposto, formado por contramestres, bombeadores, marinheiros e moços de convés; b) um grupo ocasionalmente exposto, formado por oficiais de naútica e imediatos; c) um grupo näo exposto, formado pelos oficiais de radiocomunicaçöes e pela tripulaçäo de câmara, composta de taifeiros e cozinheiros. Foram também realizadas, durante o trapeamento de tanques com tolueno, mediçöes das concentraçöes de tolueno ambiental e de ácido hipúrico urinário, no grupo que entrou no tanque para a atividade, e no restante da tripulaçäo de convés e câmara.

Alguns fatores contribuíram para dificultar a definiçäo do risco químico do grupo estudado:

a) a grande diversidade de tarefas e de produtos transportados e manuseados; b) os diferentes cenários de exposiçäo; c) a sazonalidade da exposiçäo; d) a variaçäo de comportamento de risco durante os períodos de embarque e em terra, nao foi possível quantificar o risco químico do grupo estudado. Ainda do ponto de vista epidemiológico, o tamanho dos grupos é um fator limitante pra a correlaçäo entre as queixas e os achados clínicos encontrados, e as atividades profissionais. As observaçöes realizadas possibilitam algumas correlaçöes e servem como base para a definiçäo de uma estratégia para estudos epidemiológicos mais complexos, e para a determinaçäo do risco toxicológico das funçöes de convés nos navios químicos.

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