Estuda o treinamento realizado pelo Serviço de Educaçäo Continuada em uma instituiçäo hospitalar da rede privada da cidade de Säo Paulo, segundo a opiniäo dos profissionais de enfermagem, através de questionário a 152 profissionais da área com mais de 5 anos na instituiçäo. As respostas foram analisadas quantitativamente através do programa "epiinfo" e foram construídas categorias emergentes das falas dos entrevistados, através de técnica de análise de discurso. Foi possível identificar quatro categorias sobre o papel do treinamento, que apareceram recobertas pela idéia de atualizaçäo.

Säo elas:

1) o treinamento como atividade adestradora; 2) o treinamento como atividade funcional; 3) o treinamento como atividade operacional; e 4) o treinamento como promotor de uma atividade criativa voltada para o outro. Desse modo, o treinamento insere-se nos múltiplos determinantes de um contexto de crise do trabalho sob a ordem mundial da globalizaçäo. Revela que a percepçäo do treinamento pelo pessoal de enfermagem está predominantemente circunscrita a um nível mais imediato, da prática diária, näo havendo uma visäo crítica sobre os conflitos que permeiam esse campo de atuaçäo. O trabalho da enfermagem configura-se num âmbito prático, sem a reflexäo sobre os sistemas de poder em que está inserido. Conclui que o treinamento muitas vezes é usado como uma forma de manutençäo dessa alienaçäo. Dentro desse contexto, os responsáveis pelo treinamento näo podem deixar de buscar uma nova forma de atuaçäo, reconhecendo que suas açöes devem ir além de um instrumento de ajustamento dos recursos humanos a determinaçöes organizacionais. O treinamento näo pode ser apenas um meio para o funcionário capacitar-se para o trabalho; deve ser também um instrumento que auxilie o profissional a refletir sobre a importância de seu trabalho e o quanto ele pode ser rico no seu dia-a-dia. O estudo do discurso dos profissionais da enfermagem levantou questöes essenciais que devem ser levadas em consideraçäo por todos que atuam em educaçäo continuada