Leishmaniose tegumentar americana: uso de técnicas da biologia molecular no diagnóstico de infecçäo de roedores da coleçäo do Museu Nacional - UFRJ
Publication year: 1998
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:
Durante os anos 50, houve uma epidemia de peste bubônica no Brasil. Em busca do reservatório, cerca de 60.000 roedores foram coletados, examinados e taxidermizados. Todos os animais foram arquivados no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Como muitos roedores eram de áreas onde a leishmaniose e a peste eram concomitantes, decidimos investigar se esses animais poderiam ser rservatório de Leishmania. Examinamos um total de 20 animais de Baturité, Ceará, e 19 da Ilha Grande, Rio de Janeiro. Essas duas áreas foram escolhidas por terem história de leishmaniose epidemiologicamente bem estudada. Fragmentos de pele de 1mm3 foram coletados de orelha, cauda e pés de cada animal. Fragmentos de lesao cutânea, presente em três roedores, também foram coletados. O DNA genômico foi isolado, usando-se um kit para isolamento de DNA tecidual. Oligonucleotídeos que se associam à origem de replicaçao das duas fitas das moléculas de minicírculo foram usados em hot start PCR, amplificando a regiao conservada do minicírculo de kDNA. Os produtos amplificados foram analisados pela eletroforese em gel de agarose corado pelo brometo de etídio e visualizados sob luz UV. Todos os produtos foram aplicados em membrana de nylon usando-se aparelho de dot blot e hibridizados com sonda de L. Braziliensis M2903 e L.amazonensis L575. Pela PCR, Leishmania amazonensis foi encontrada L575. Pela PCR, Leismania amazonensis foi encontrada na orelha de dois animais, um Oryzomys subflavus e um Thrichomys apereoides. A hibridaçao com sonda de L. braziliensis foi negativa em todos os casos. Ambos os roedores positivos eram de Baturité. A infecçao por L. amazonenesis é, primariamente, uma zoonose, e pode ser encontrada em grande variedade de hospedeiros entre animais silvestres, inclusive roedores, marsupiais e raposas. Indica a viabilidade de reconstruir a história das leishmanioses pela PCR, o que pode favorecer o entendimento dos eventos históricos que influenciaram a leishmaniose tegumentar americana no Brasil.