Com base nos critérios da Organizaçao Mundial da Saúde para caracterizaçao de um agravo como problema de saúde pública, discute-se a problemática da desnutriçao no Brasil através da apresentaçao de uma coletânea de artigos e de uma revisao da literatura. O primeiro artigo analisa a validade de um método de triagem diagnóstica baseado na circunferência braquial; o segundo apresenta resultados de um inquérito antropométrico realizado como parte de um projeto de extensao desenvolvido junto às famìlias dos "Sem Terras", em Alagoas; os 3 seguintes apresentam dados das interrelaçoes entre a desnutriçao e outros agravos à saúde (esquistossomose mansônica e poluiçao ambiental por pesticidas). Evidencia-se a gravidade da questao nutricional do país, caracterizada por uma alta freqüência de indivíduos de baixa estatura, causada pela necessidade de "adaptaçao à falta crônica de atendimento aos seus requerimentos nutricionais, os quais, vítimas da fome, apresentam, em relaçao aos que nao passam por tal privaçao, reduçao da capacidade de trabalho, maior vulnerabilidade às infecçoes, menor capacidade cognitiva e outros déficits. Essas constataçoes, ao revelarem a magnitude e o dano social causado, reafirman a condiçao da desnutriçao como grave problema de saúde pública. Questiona-se as tradicionais prioridades e estrtégias dos produtores do conhecimento de vez que, apesar de todo avanço e produtividade científica, nao "estamos" sendo capazes de alterar significativamente a realidade social perversa que realimenta o círculo vicioso da miséria e da fome. Discute o dilema vivido pelos Nutricionistas diante da proposiçao de que, sendo a desnutriçao determinada pelo interrelacionamento de fatores sociais, econômicos e políticos, as açoes técnicas terao efeitos transitórios e de pouco impacto, desde que nao atingem estas causas básicas.