A epidemiologia e o tempo: uma discussäo sobre a percepçäo do tempo pela ciência epidemiológica

Publication year: 1999
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Discute a percepçao do tempo pela epidemiologia. Esta ciência utiliza o tempo na definiçao de seus conceitos fundamentais. Visualizando, porém, a orientaçao tempo-lugar-pessoa, se percebe que espaço e populaçao têm sido discutidos pela disciplina e o tempo nao. No capítulo I sao apresentadas as concepçoes de tempo na física de Ilya Prigogine, na história de Fernand Braudel e na geografia de Milton Santos. É um núcleo conceitual do trabalho, um movimento externo à epidemiologia cujo objetivo é encher uma idéia de tempo que dê sentido à discussao do tempo epidemiológico. No capítulo II sao discutidas as infecçoes emergentes. Sao consideradas numa perspectiva totalizante e complexa que evidencia sua contextualizaçao histórica e social e suas relaçoes com a globalizaçao do capital. Apresenta a visao do historiador Mirko Grmek sobre estas doenças. É uma concepçao interessante para a epidemiologia porque tem marcante envolvimento com o tempo. Discute sobre as infecçoes emergentes, permite apontar problemas relativos ao tempo do conhecimento epidemiológico dominante. O capítulo III se inicia com informaçoes filosóficas e científicas sobre o tempo. Apresenta a formaçao histórica da epidemiologia hegemônica. Ao final, quando se discute as relaçoes entre epidemiologia e tempo, sao usadas as informaçoes elaboradas no trabalho para apresentaçao de uma taxonomia crítica do tempo usado pela epidemiologia hegemônica. É um tempo positivista, absoluto, instantaneizado, linear e reversível, que nao reconhece as dimensoes sociais e histórica do processo saúde/doença das populaçoes humanas. Esta caracterizaçao epistemológica compoe o projeto científico moderno de anulaçao do tempo e da história. Um tempo assim caracterizado é concordante também com a velocidade que integra o contexto social e cultural produzido pela globalizaçao do capital. O tempo se mostra útil para uma abordagem interdisciplinar das questoes epidemiológicas e possibilita um exame crítico da epidemiologia.

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