O brincar de crianças vítimas de violência física doméstica

Publication year: 1999
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Instituto de Psicologia to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Estuda como crianças vítimas de violência física doméstica brincam, utilizam os brinquedos e o espaço, seus comportamentos, atitudes e relaçöes, e os conteúdos dos temas surgidos, à luz de conceitos winnicottianos; verifica relaçöes entre a violência sofrida, a forma de brincar e os conteúdos expressos; e compara-as com crianças näo-vítimas. Os Ss säo 12 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 4 e 7 anos, divididas em três grupos: (1) vítimas, em instituiçäo, (2) näo-vítimas, em instituiçäo, e (3) näo-vítimas, em suas famílias. Os históricos säo organizados (grupos 1 e 2) com base em dados documentais de um centro de referência e de Varas de Infância e de Juventude, em informaçöes da instituiçäo, e (grupo 3) em dados de questionário aplicado aos pais. Cada grupo participa de duas sessöes de brincar com bonecos da família e blocos, de 40 minutos cada. As sessöes säo filmadas em vídeo e os dados de observaçäo säo organizados segundo os objetivos. As crianças estudadas näo brincam em grupo, mas paralelalemente ou em dupla. As crianças vítimas apresentam formas de brincar diferentes das outras. Utilizam os brinquedos com grau de elaboraçäo variando de baixo a médio, sem integraçäo, de modo apropriado ou näo, com dispersäo; superam o grupo 2 quanto à elaboraçäo e à dispersäo, e se assemelham na falta de integraçäo e na variaçäo no uso dos brinquedos; têm performance inferior ao grupo 3 em todos os níveis. As crianças vítimas usam o espaço do brincar de modo distinto das outras (com agressividade ou passividade, muita movimentaçäo e extrapolaçäo dos limites). Os comportamentos e as atitudes das crianças vítimas säo (a) impulsivos, hiperativos, agressivos, destrutivos, (b) passivos, defensivos, pouco criativos, e (c) amadurecidos precocemente, controlados, construtivos; o grupo 2 se assemelha ao tipo (b), com alteraçöes, e o grupo 3 difere de todos, com maior equilíbrio. A tendência anti-social aparece em duas crianças vítimas. Alguns comportamentos e objetos utilizados pelos grupos 1 e 2 säo associados ao objeto transicional. O modo de se relacionar das crianças correspondem aos padröes de comportamentos e atitudes. Na relaçäo com o adulto, as crianças dos grupos 1 e 2 se assemelham no tocante à grande solicitaçäo e à dependência; no grupo 3, a autonomia e a independência prevalecem. Os conteúdos expressos no brincar têm relaçäo com suas histórias, com o desenvolvimento emocional e com as sessöes. Conclui que crianças vítimas brincam, mas esta...

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