O presente trabalho teve como objetivo estudar a correlaçäo entre paradigma e açäo em práticas atuais de reabilitaçäo, a fim de discutir os elementos operantes nas representaçöes elaboradas pelos técnicos de reabilitaçäo a respeito da pessoa com deficiência e de suas próprias açöes de reabilitaçäo. A partir da contextualizaçäo histórica das práticas da reabilitaçäo, propusemos que essas se estabelecessem como contrapartida da forma como säo vistas socialmente as pessoas com deficiência. Elegemos duas formas atuais de atençäo às pessoas com deficiência como foco de nosso estudo. Säo elas a reabilitaçäo focalizada na instituiçäo, que tratamos como reabilitaçäo de paradigma médico ou institucional; e a reabilitaçäo focalizada no contexto social, que tratamos como reabilitaçäo de paradigma social ou comunitário. Foram realizados dois estudos de caso a partir do relato de técnicos que operam nos dois diferentes paradigmas de reabilitaçäo, buscando estabelecer como esses definem, em seus discursos, o espaço e o sentido das açöes de reabilitaçäo. Observou-se que, embora haja uma tentativa de se uniformizar o discurso, por parte dos técnicos da reabilitaçäo institucional, a prática das açöes de reabilitaçäo caminham em direçöes opostas entre os dois paradigmas examinados. Os técnicos das açöes de reabilitaçäo de paradigma institucional encontram-se comprometidos com uma visäo que reduz a deficiência ao seu componente orgânico e dirigem suas açöes de reabilitaçäo no sentido de resgatar a eficiência social do sujeito. Já os técnicos que operam dentro do paradigma social de reabilitaçäo estabelecem sua açäo em espaços de relaçäo social, descentrando da deficiência seu foco de açäo e orientando o processo de reabilitaçäo no sentido de resgatar a subjetividade e a cidadania da pessoa com deficiência