O estigma da doença mental e suas implicaçöes na existência extra-muros do estigmatizado
Publication year: 1999
Percebe-se em âmbito nacional, a construçäo de novos serviços que se denominam novos dispositivos de atençäo à existência psicótica. Estes serviços objetivam ser espaços onde, além da humanizaçäo no trato desta clientela, busca-se uma vida social melhor para estas pessoas que sempre passaram por um estigmatizaçäo que as tornava incapazes e inviabiliza sua vida social digna, com direitos. Ressalta os "excluídos" através, inicialmente, de um mapeamento histórico e filosófico de vários contextos sócio-culturais, dando maior ênfase ao estigma "da loucura" (mais tarde denominada "doença mental"), percebendo o espaço "reservado" para o louco e o lugar social ocupado por ele. Näo pretendendo justificar com esta construçäo histórica o valor que o doente mental hoje tem para nossa sociedade, nem querendo estagnar nesta posiçäo, foram realizadas entrevistas com a clientela de dois serviços do CPP II, buscando dar voz a mesma e através deste recurso pensar em o que fazer para se desconstruir o estigma da doença mental no âmbito institucional e, quem sabe estender este movimento a um espaço mais amplo: o social. Através das entrevistas, mapearam-se as vivências dos clientes acerca dos mundos intra e extra-muros, relatando como esta clientela se vê e como lida com o estigma depositado sobre ela. Busca-se näo responder questöes nem apontar um caminho único de soluçöes prontas, mas chamar a atençäo dos profissionais em Saúde Mental e requisitar sua responsabilidade na construçäo de possíveis dispositivos de açäo onde gradativamente se possa desconstruir o estigma da doença mental em sua faceta incapacitadora, periculosa e destrutiva em nossa sociedade.