Paracoccidioidomicose: tratamento com itraconazol: resultados obtidos após longo prazo de seguimento
Publication year: 1998
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual Paulista \"Júlio de Mesquita Filho\" to obtain the academic title of Professor Livre Docente. Leader:
A Paracoccidioidomicose, é enfermidade de evoluçäo aguda ou crônica causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, e a mais frequente micose sistêmica da regiäo Centro-Sudeste do Brasil. A classificaçäo clínica utilizada, que subdivide os casos em forma aguda-subaguda e forma crônica, de gravidade leve, moderada ou grave, tem por base a história natural da doença, suas possíveis manifestaçöes clínicas e o perfil imunológico de cada caso. O esquema terapêutico clássico da paracoccidioidomicose utiliza a anfotericina B ou os derivados sulfamídicos. No presente trabalho se objetivou avaliar os resultados terapêuticos obtidos com a utilizaçäo do itraconazol, após longo tempo de seguimento, avaliar possíveis causas de recaída e o perfil de segurança da medicaçäo utilizada. Foram estudados 58 pacientes, 53 do sexo masculino; mediana de idade igual a 44 anos; 53,4 por cento de profissöes ligadas ao meio rural; 60,4 por cento com história menor que 12 meses e 37,9 por cento com história de tratamento anterior. O comprometimento tegumento-pulmonar foi o mais frequente. As alteraçöes hematológicas, quando presentes, se associaram mais aos casos com forma clínica grave. Quarenta e nove pacientes apresentavam a forma crônica e nove a forma aguda-subaguda; 60,3 por cento apresentavam reaçäo intradérmica de paracoccidioidina positiva antes do tratamento e 31,0 por cento apresentavam a forma grave da enfermidade. Vinte e quatro pacientes receberam esquema de 100mg/dia do primeiro ao sexto mês inclusive e 34 o esquema de 200mg/dia no primeiro mês e 100mg/dia do segundo ao sexto mês inclusive. Dezesseis pacientes abandonaram o seguimento. Houve um óbito por paracoccidioidomicose e oito (13,8 por cento) pacientes recaíram. Os pacientes em recaída foram principalmente os que apresentavam história clínica mais longa, quadro grave inicial e reaçäo intradérmica de paracoccidioidina negativa. Como conclusäo se propoem que pacientes graves recebam doses maiores de itraconazol e por tempo necessário à queda importante dos níveis de anticorpos anti-P. brasiliensis, ou que recebam sulfamídicos de manutençäo pós tratamento de ataque. O perfil de segurança do itraconazol foi muito bom, com apenas 8,6 por cento de alteraçöes de enzimas hepáticas durante o estudo, e näo foram observadas interaçöes medicamentosas com outros fármacos.