Para avaliar a prevalência da CAP e do TCAP em uma população de pacientes que procuram tratamento médico para emagrecer e estudar possíveis correlações entre estes transtornos e as variáveis antropométricas e comportamentais mais relevantes na fisiopatologia da obesidade, realizamos um estudo transversal de uma amostra seqüencial de pacientes tratados em clínica privada (n=372) e hospital público (n=67). Dos 439 pacientes avaliados, 70 eram do sexo masculino e 369 do sexo feminino. Todos os pacientes preencheram um questionário padronizado, contendo perguntas diversas sobre variáveis comportamentais e histórico de tratamentos prévios para perda de peso. Além disso, os pacientes foram entrevistados para o diagnóstico de CAP ou TCAP segundo os critérios do DSM-IV e submetidos à avaliação antropométrica. Encontramos uma prevalência de TCAP de 15 por cento para a amostra como um todo, sendo de 14,9 por cento entre as mulheres e 15,7 por cento entre os homens. Episódios de CAP foram relatados por 54 por cento da amostra total. O risco de TCAP tendeu a diminuir com o aumento da idade. Entre os pacientes que presumiram como causa do seu excesso de peso o fato de comerem demais, o risco de TCAP foi significativamente maior quando comparados ao grupo que presumiu ser uma tendência metabólica o principal fator causal. O risco de TCAP também foi maior nas faixas de IMC mais elevado, correlacionando-se também de forma significativa com indicadores de tendência à deposição central de gordura, como a circunferência da cintura e a relação cintura-quadril. 74 Mais estudos são necessários para melhor avaliar a correlação da CAP e do TCAP com a deposição central de gordura e com a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal