Seleçäo de ratos ansiosos e näo ansiosos no labirinto em cruz elevado: avaliaçäo comportamental, farmacológica e neuroquímica
Publication year: 2000
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Säo Paulo. Escola Paulista de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader:
O labirinto em cruz elevado, apesar de ser um dos modelos experimentais mais usados para o estudo da ansiedade, apresenta uma série de problemas que afetam sua utilização, entre eles, a falta de efeito ansiolítico de drogas serotonérgicas usadas com sucesso na clínica. Uma possível explicação estaria no fato que as drogas testadas no modelo são administradas a uma população normal de animais, enquanto na clínica o efeito é observado em pacientes com quadros patológicos de ansiedade. Assim, o objetivo do presente estudo foi promover uma seleção de ratos ansiosos e não ansiosos no labirinto em cruz elevado e verificar se essas populações selecionadas apresentavam características comportamentais e neuroquímicas diferentes que pudessem caracteriza-las como populações distintas. Foram selecionadas 2 populações de ratos, conforme o tempo de permanência dos mesmos nos braços abertos do labirinto: ansiosos e não ansiosos. Os resultados obtidos mostram que os animais ansiosos apresentaram significantemente menores índices de atividade motora do que os não ansiosos, tanto no modelo do labirinto em cruz elevado (medida pelo número total de entrada, e pelo número de entradas nos braços fechados) quanto no campo aberto (ambulação total e periférica e número de rearings). Em relação as medidas de emocionalidade, os ratos ansiosos mostraram maiores medidas de ansiedade, em relação aos ratos não ansiosos, também no campo aberto (avaliado pela ambulação periférica e tempo de freezing) e no teste de interação social. Também foi medida a concentração de 5-HT e 5-HIAA e tumover ([5-HT/5-HIAA]) no hipocampo e córtex pré frontal dos ratos ansiosos e não ansiosos e foi verificada uma diferença estatística no tumover do córtex pré frontal dos ratos ansiosos, o que sugere uma síntese aumentada de 5-HT no córtex pré frontal dos mesmos. Por fim, se verificou que o triptofano, na dose de 200 mg/kg, mostra efeito ansiolítico no labirinto em cruz elevado. Os resultados indicam uma participação do sistema serotonérgico na modulação da ansiedade. De um modo geral, os dados sugerem que a seleção de animais ansiosos e não ansiosos, pode ser uma importante ferramenta para o estudo da ansiedade