Prevalência de doenças crônico-degenerativas na populaçao Guarani-Mbyá do Estado do Rio de Janeiro
Publication year: 2000
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:
A distribuiçao desigual das doenças crônico-degenerativas tem sido atribuída aos diferentes graus de transformaçao social em diversas populaçoes. Neste sentido, estudos internacionais em populaçoes indígenas submetidas a mudanças em seus estilos de vida têm mostrado prevalências elevadas de hipertensao arterial, diabetes mellitus e de alteraçoes de fatores de risco a eles associados. Foi realizado um estudo de prevalência destes agravos na populaçao adulta das aldeias indígenas Sapukai, Paraty-Mirim e Araponga, no Rio de Janeiro. Após recenseamento, a populaçao teve os dados coletados através de entrevista e avaliaçoes clínicas e bioquímicas. O universo da populaçao estudada foi de 80 homens e 71 mulheres. As prevalências em toda a amostra, no sexo masculino e no feminino foram, respectivamente, para: hipertensao arterial (4,8 por cento, 2,6 por cento, 7,4 por cento); hiperglicemia causal compatível com diabetes mellitus (0,7 por cento e 1,4 por cento) e tolerância diminuída à glicose (3,5 por cento, 1,4 por cento, 5,6 por cento); baixo peso (4,1 por cento, 3,9por cento, 4,3 por cento); sobrepeso (26,7 por cento, 19,5 por cento e 34,8 por cento) e obesidade (4,8 por cento, 3,9 por cento, 5,8 por cento); alteraçoes lipídicas do colesterol total (2,8 por cento, 2,7 por cento, 2,9 por cento) e dos triglicerídios (12,6 por cento, 9,5 por cento e 15,9 por cento); tabagismo (5,9 por cento, 7,5 por cento e 4,2 por cento); etilismo (3,3 por cento, 6,2 por cento e 0) e sedentarismo (28,1 por cento, 7,4 por cento, 51,4 por cento). Quase todas as prevalências foram superiores no sexo feminino e maiores nas idades mais avançadas. Foram observadas correlaçoes significativas entre os índices antropométricos e os valores lipídicos e a idade (RCQ/triglicerídios: 0,366; colesterol/idade: 0,364; IMC/triglicerídeos: 0,318; RCQ/colesterol:0,306), todos com p-valor <0,01, das PAS e PAD com a idade (0,194 e 0,200; p-valor:<0,05) e da PAD com peso e IMC (0,235 e 0,228; p-valor < 0,01). Os indivíduos com 50 anos e mais apresentaram risco 4,5 vezes maior que os de até 29 anos, de apresentar acúmulo de mais de dois fatores componentes da Sindrome de Resistência Insulínica e os obesos, 4 vezes mais risco que aqueles com peso normal. Os resultados sugerem que a populaçao avaliada encontra-se sob risco intermediário para as doenças crônicas mostrando que devem ser empreendidos esforços no sentido de controlar os fatores de risco.