O brincar na relaçäo entre mäes ouvintes e filhos surdos

Publication year: 2000
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Säo Paulo. Escola Paulista de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader:

O objetivo do presente estudo foi verificar como ocorre a organização da brincadeira entre mães ouvintes e filhos surdos e as mudanças ocorridas no decorrer de um ano. Como objetivos específicos o estudo procurou pesquisar como a brincadeira entre mães ouvintes e filhos surdos pode ser avaliada, se a avaliação da brincadeira pode ser um bom parâmetro para analisar o desenvolvimento global da criança e, por último, como a equipe que atende à criança surda pode agir em relação ao brincar e à orientação aos pais. A amostra foi construída por seis crianças com perda auditiva neurossensorial de moderada a profunda, de I ano e 6 meses a 4 anos e 5 meses e suas mães ouvintes, todos de classe cultural e sócio-econômica baixa. As duplas foram gravadas em videocassete em três momentos, com intervalo de seis meses entre cada gravação. Após a coleta e observação dos dados foi elaborada a avaliação específica, e como resultado foram determinados os seguintes critérios de análises: - tipo de atividade relacionada ao grau de dificuldade; - atenção e interesse da criança e os recursos utilizados pelas mães para promover estes itens; - negociação da orientação da brincadeira entre mãe e filho; - coordenação do olhar da criança entre a mãe e o brinquedo; - os códigos utilizados pela dupla; - possibilidade de utilizar a linguagem para criar situações imaginárias.

A análise dos protocolos permitiu concluir que:

- as crianças observadas sofrem atraso de linguagem; - as mães ouvintes apresentaram dificuldade para brincar e se comunicar com seus filhos surdos; - algumas crianças surdas não tiveram iniciativa, ou tiveram pouca, para se comunicar com suas mães ouvintes; - a utilização da LEBRAS facilitou a brincadeira e a comunicação entre mães ouvintes e filhos surdos, a coordenação do olhar da criança surda entre o interlocutor e os brinquedos foi essencial para o sucesso da brincadeira e não foi determinada apenas pelo grau da perda auditiva, mas, principalmente, pela qualidade da interação; - a princípio as mães ouvintes orientaram a brincadeira e, com o desenvolvimento, algumas criança também puderam desempenhar este papel; - a orientação aos pais permitiu que cinco das seis duplas modificassem sua forma de brincar

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