Entre as doenças invasivas pelo Haemophilus influenzae tipo b (Hib), destaca-se, em saúde pública, pela freqüência e gravidade, a pneumonia e a meningite. No entanto, somente a última está sujeita ao controle da vigilância epidemiológica. O Estado de Minas Gerais é grande, populoso e apresenta grande variaçäo regional de situaçöes sócioeconômicas e organizaçäo do sistma de saúde. No período de 1993 a 1997, ocorreram, em Minas Gerais, 720 casos de meningites por Hib. Esta foi a segunda causa mais freqüente de meningite bacteriana em menores de um ano (superada pela categoria etiologia näo-especificada) e a segunda causa mais freqüente, no total (superada pelo meningococco). 42,0 por cento e 87,3 por cento dos casos de meningite por Hib ocorreram em menores de um e cinco anos de idade, respectivamente. Houve acúmulo de casos, em crianças com idade entre quatro a nove meses de vida, e predomínio dos casos de meningite nos meses frios e secos (maio, junho, julho e agosto). As taxas de incidência, mortalidade e a letalidade, em menores de cinco anos de idade, foram inferiores às dos outros Estados analisados, mas foram semelhantes às do Brasil como um todo. No entanto, as taxas de incidência em Belo Horizonte e regiäo Metropolitana, em menores de uma ano de idade, assemelharam-se às dos outros estados brasileiros analisados. Isso sugere que provavelmente, o risco da doença no estado de Minas Gerais, provavelmente, näo é menor que os nos demais estados analisados. Se a proporçäo de Hib entre os casos de meningite bacteriana com etiologia näo-especificada fosse a mesma que entre aquelas de etiologia especificada, o total de casos saltaria para 1.161. A partir da taxa de mortalidade específica por pneumonias, estima-se que no periodo especificado ocorreram 4.053 casos de pneumonia por Hib, totalizando 5214 casos da doença invasiva. O número de casos notificados justifica adoçäo da vacina contra o Hib que tem se mostrado capaz de controlar a doença em outros países. As aproximaçöes do número real de casos feitas neste estudo indicam que a relaçäo custo-benefício será ainda mais favorável do que o previsto. O alto custo da vacina reforça a necessidade de monitorar com mais precisäo o diagnóstico etiológico dos casos de meningites, o qual constitui uma das fragilidades da vigilância epidemiológica.