Objetivos:

Conhecer o processo de decisão de casais pela vasectomia e o significado atribuído à mesma como método definitivo de contracepção, caracterizar as relações de gênero envolvidas nesse processo, identificar as fontes de informação e o conhecimento dos casais acerca da vasectomia e de outros métodos contraceptivos.

Metodologia:

Estudo qualitativo, com 20 casais que solicitaram a vasectomia no Ambulatório de Reprodução Humana do Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher, da Universidade Estadual de Campinas. Homens e mulheres foram entrevistados separadamente, no primeiro contato com o ambulatório, e os homens novamente, após agendarem a cirurgia. Realizaram-se entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas; utilizou-se um formulário estruturado para obter as informações que permitiram a caracterização socioeconômica e demográfica dos casais. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise do conteúdo.

Resultados:

A maioria dos casais optou pela vasectomia como último recurso anticoncepcional, quando já tinham os filhos desejados ou mais, e haviam utilizado outros métodos, nem sempre com sucesso. O processo de decisão iniciou-se pelo menos um ano antes de procurarem o serviço e os homens se auto-atribuíram a iniciativa de submeterem-se à cirurgia em vista da impossibilidade de criarem mais filhos.

Conclusões:

As relações de gênero desveladas oscilaram entre um modelo quase parcial, caracterizado pelo predomínio dos homens nas decisões da vida familiar, e um modelo ambíguo quanto às decisões reprodutivas, em que as mulheres haviam assumido a responsabilidade da anticoncepção até que, diante da inevitabilidade da esterilização, os homens consideraram que deveriam colaborar