Postula-se que existe uma associação entre alterações hormonais climatéricas e sintomas depressivos e que tais sintomas respondem à reposição estrogênica pela ação desse hormônio sobre a neurotransmissão cerebral e/ou sistema opióide endógeno. De acordo com essa hipótese neuro-hormonal, os estrógenos poderiam aumentar a atividade das aminas biogênicas e opiopeptinas, com melhora do humor e do sentimento de bem-estar de mulheres climatéricas não-deprimidas, existindo também a suposição de que a adição de um progestágeno ao esquema de terapia de reposição hormonal (TRH) impediria esse efeito benéfico do estrógeno. Em contraposição, há outra hipótese que propõe que os sintomas depressivos das mulheres climatéricas são secundários aos sintomas vasomotores, e não estão diretamente ligados à privação de estrógenos. Considerando tais hipóteses biológicas, os principais objetivos do presente trabalho foram: (1) verificar se sintomas depressivos relacionam-se predominantemente com níveis hormonais plasmáticos ou com sintomatologia vasomotora; e (2) determinar o efeito da TRH sobre sintomas depressivos e somáticos apresentados por mulheres no climatério, comparando-o com o efeito de placebo. O modelo da pesquisa foi experimental, prospectivo, placebo-controlado,simples-cego e randomizado. Sessenta mulheres foram selecionadas e 47 completaram as 16 semanas de tratamento, sendo a amostra recrutada entre as pacientes atendidas no Ambulatório de Ginecologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba. Realizaram-se as seguintes intervenções: TRH em esquema contínuo (grupo I) e placebo (grupo II).

O grupo I foi dividido em dois subgrupos:

grupo A (estrógenos conjugados isolados) e grupo B (estrógenos conjugados conbinados a progestágeno). Foram avaliados os sintomas nos momentos pré-tratamento e pós-tratamento (8ª e 16ª), através da aplicação do Índice Menopausal de Blatt e Kupperman (IMBK) e do Questionário de Auto-avaliação da Escala de Hamilton para Depressão (QAEH-D). Empregou-se a análise estatística não-paramétrica para testar associações entre variáveis clínicas e hormonais e para comparação da eficácia terapêutica obtida nos dois grupos. Demonstrou-se sintomatologia depressiva intensa em 23,4 por cento e sintomas vasomotores em 78,7 por cento das mulheres da amostra, corroborando estudos prévios. As mulheres que receberam TRH apresentaram uma redução significativa dos sintomas depressivos medidos na linha de base