Morte por AIDS ou morte materna: a classificaçäo da mortalidade como prática social
Publication year: 2001
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Prática de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:
Este estudo teve o objetivo de contribuir para o refinamento da classificação de mortalidade materna, por meio da compreensão da decisão de inclusão ou exclusão de óbitos de mulheres com HIV/Aids nesta classificação. Foi descrito o processo de seleção e investigação das Declarações de Óbito - D.O., de mulheres em idade fértil, para a classificação da mortalidade materna pelo Comitê Central de Mortalidade Materna de São Paulo - CCMM. Em 1998, em São Paulo, foram registradas 4.347 mortes de mulheres de 10 a 49 anos, incluindo 403 com HIV/Aids. Das 4.347 D.O., 741 foram selecionadas pelo CCMM para investigação de morte materna. Analisou-se por que entre 741, somente cinco casos associados ao HIV/Aids foram investigados. Concluiu-se que: a) há interferência de fatores que afetam a qualidade dos dados obtidos nos vários pontos do processo de classificação e, nos casos com HIV/Aids, o privilegiamento da Aids na classificação de causa de morte e a força de caráter moral e simbólico em torno da Aids podem tornar difícil classificar a causa de morte como morte materna e, b) quando o processo de classificação é entendido como uma prática social produtora de sentido e de conhecimento que tem conseqüência para a ação, além do seu aperfeiçoamento, a estatística de mortalidade materna, com a inclusão ou exclusão dos óbitos de mulheres com HIV/Aids, terá reflexo na qualidade da assistência ao ciclo gravídico-puerperal para a evitabilidade dessas mortes. Propôs-se constituir canais de controle social para uma Vigilância mais precoce e para ampliar as ações necessárias à redução da Mortalidade Materna