As repercurssöes do agravamento da SIDA sobre o estado nutricional de pacientes foram avaliadas em 46 indivíduos adultos (17-54 anos de idade), 37 homens e 9 mulheres VIH positivos (teste ELISA em triplicata). Após submetidos à avaliaçäo clínico-laboratorial imunitária (contagem de linfócitos totais e de subpopulaçöes contendo receptores CD4 e CD8), antropométrica (peso, estatura, pregas cutâneas e massa corporal) e bioquímico nutricional do plasma (lipídeos, cálcio, proteínas totais, albumina, proteínas hepáticas de meia vida curta, triptofano livre, retinol e beta caroteno), os pacientes, em funçäo dos resultados clínico-imunitários, foram divididos em dois grupos de acordo com a gravidade da doença pelo sistema Walter Reed modificado: G1: Indivíduos com CD4 maior que 400 e/ou sem infecçäo oportunística e G2: indivíduos com CD4 menor que 400 e/ou com infecçäo oportunística. O quadro laboratorial dos indivíduos do grupo 1 foi caracterizado pela normalizaçäo dos valores da maioria dos parâmetros exceto VHS (elevado), relaçäo CD4/CD8 (diminuída), proteína ligadora do retinol, beta caroteno, retinol e triptofano livre (diminuídos) associadamente a um déficit de massa magra (CB e CMB) de cerca de 50 por cento e febre. O agravamento da doença foi acompanhado por alteraçöes laboratoriais hematológicas, imunitárias e bioquímicas indicativas de atividade inflamatória, supressäo da imunidade celular, e anemia. Entre as proteínas plasmáticas de origem hepática, houve elevaçäo das reativas positivas; ceruloplasmina, mucoproteínas e alfa-1 globulina, e diminuiçäo das reativas negativas (albumina, transferrina, pré-albumina e proteína ligadora do retinol) da fase aguda. Além disso o comportamento enzimático mostrou maior agressäo ao parênquima hepático, mas sem ocorrência de colestase. Assim, ressaltado o mascaramento pelo processo infeccioso, o quadro protéico-visceral é sugestivo de desnutriçäo protéica recente. Nesse sentido, indicadores como RBP, triptofano e retinol mostraram pouco poder discriminante em relaçäo à gravidade da doença, pois já se encontravam diminuídos desde o seu estágio inicial. Por outro lado, os parâmetros antropométricos indicaram que o agravamento da SIDA foi acompanhado por desgaste ainda maior da massa corporal, fundamentalmente da muscular, com preservaçäo relativa da gordurosa...