A qualidade possível: o pediatra e o processo de decisão médica nos serviços públicos de saúde

Publication year: 2001
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas to obtain the academic title of Doutor. Leader:

A avaliação da prática médica institucionalizada constitui tema teoricamente pouco explorado e questão pouco enfrentada pelo planejamento e supervisão dos serviços públicos. No âmbito teórico, as maiores dificuldades decorrem na abordagem interdisciplinar e suas implicações metodológicas. Além disso, há outras representadas pela tentativa de construção de indicadores universais que traduzam as peculiaridades e tensionamentos próprios da prática médica, tais como a racionalidade científica, a singularidade, a subjetividade e a incerteza. Este estudo objetiva conhecer a concepção do pediatra a respeito da qualidade de seu trabalho na rede pública de saúde, como um elemento a ser incorporado e negociado nos processos avaliativos, para que se tornem mais efetivos. A falta de recursos financeiros no setor impõe limitações ao trabalho médico, repercutindo sobre sua qualidade. Finalmente, a avaliação da atenção do pediatra é um processo ainda em construção nos serviços públicos de saúde. A preocupação central da pesquisa é compreender como se articulam as práticas, a decisão e a qualidade no processo de trabalho do médico pediatra. Foram identificadas diversas categorias empíricas (vínculo médico-paciente, comunicação médico-paciente, autonomia do profissional e do paciente, clínica ampliada, estratégias, mercado de trabalho, modelo de atenção, modelo pedagógico, relações hierárquicas, realidade institucional, formação médica, processo decisório) que, articuladas às categorias analíticas (avaliação da qualidade, qualidade da atenção médica, processo de trabalho do pediatra, processo decisório e assistência à saúde), possibilitaram a construção de três temas: o conceito de qualidade; a flexibilização do processo decisório e a reconstrução da qualidade possível nos serviços; e a centralidade estratégica dos pediatras. O processo decisório decorre das limitações colocadas pela realidade institucional e representa a incorporação, às decisões médicas, das singularidades do serviço e das possibilidades efetivas do paciente realizar as recomendações propostas, dando qualidade ao trabalho médico. Apontam-se a autonomia médica com responsabilização e articulada ao trabalho em equipe bem como o aprimoramento de instrumental clínico específico para a criança, como elementos que possibilitam uma prática pediátrica de boa qualidade.

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