Por uma história de uma dor: Mentalidades médicas, neonatologistas e a dor em recém-nascidos
Publication year: 1996
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas to obtain the academic title of Doutor. Leader:
Utilizando a noção histórica de mentalidades coletivas este estudo parte de alguns princípios. Primeiramente, que o processo saúde/doença em humanos constitui-se com determinantes das diversas esferas do vivido. Em seguida que, como fenômeno humano, está datado no tempo e no espaço, sendo, portanto, histórico. Por fim, que a compreensão do fenômeno saúde/doença difere da perspectiva dos sujeitos, quando médicos ou quando doentes, no primeiro caso, visto com um olhar a partir do qual se estrutura um campo do conhecimento sobre a saúde e a doença - a Medicina; no caso dos sujeitos doentes, de uma experiência própria única, apenas perceptível por ele que sofre. O estudo se desenvolve sob a ótica da História e pretende esclarecer, ao menos parcialmente, as redes articuladas que envolvem os neonatologistas e sua prática, a Neonatologia e seu conhecimento organizado historicamente sob o olhar da Clínica e os recém-nascidos com sua dor, seres possíveis de serem compreendidos a partir de redes de captação que a sociedade torna viáveis, sob os condicionantes da história. Por fim, surgiu a valorização da sobrevida dos recém-nascidos, cada vez mais freqüente em nossos dias, como motivo de valorização dos fenômenos do corpo, entre eles a dor possível de ser apreendida pelos sujeitos. Contudo, o mesmo olhar, ditado pelas mentalidades médicas e oriundo de dois séculos de prática e de conhecimento médico, persiste dando o tom das relações entre os médicos (no caso os neonatologistas) e o objetivo de sua prática, o corpo humano doente (no caso, os recém-nascidos que sofrem dor).