Sexualidade no climatério: uma análise do inquérito populacional domiciliar em mulheres de 45 a 60 anos no município de Campinas

Publication year: 2000
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader:

O aumento da expectativa de vida, principalmente entre a população feminina neste final de século tornou os estudos sobre o climatério e suas implicações psicobiológicas e sociais, como a sexualidade, temas de grande interesse, pois são relacionados à melhoria da qualidade e do estilo de vida.

Objetivos:

Descrever alguns aspectos da sexualidade em mulheres climatéricas e as influências das características sociodemográficas e clínicas e da auto-percepçãodo estado de saúde.

Sujeitos e métodos:

Estudo descritivo, de corte transversal, associado a um inquérito populacional domiciliar em mulheres de 45 a 60 anos residentes em Campinas (SP), no Brasil. Foram selecionados 456 mulheres, através de processo de amostragem, baseado em Censo Demográfico de 1991 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os dados foram coletados através de entrevistas domiciliares com questionários estruturados e pré-testados internacionalmente no Sudeste Asiático e nos Estados Unidos. Foram obtidas as estatísticas de posição (freqüências, médias e medianas) e riscos relativos (RR) ajustado por idade, com intervalo e confiança de 95 por cento.

Resultados:

A maioria das mulheres iniciou sua vida sexual na adolescência e, continuou mantendo relações sexuais (68 por cento) e obtendo prazer (86 por cento) no climatério; com uma freqüência mediana, neste período da vida, de quatro relações/mês. A principal mudança na atividade sexual das mulheres foi a falta de interesse sexual (75 por cento), não sendo importante a secura vaginal ou a dispareunia. Em relação à manutenção da atividade sexual foi significativo ter parceiro estável e principalmente, estar casada (RR ajustado = 30,7), pertencer a classe A ou B (RR ajustado = 3,3); ser não fumante (RR ajustado = 2,4), e estar usando TRH (RR ajustado = 1,8). A obtenção do prazer foi influenciada somente pela maior escolaridade (RR ajustado = 4,3) e pela autopercepção do bom estado de saúde (RR ajustado = 9,6).

Conclusões:

A atividade e o prazer sexual no climatério têm uma influência multifatorial, que passa por questões de condições socioeconômicas, culturais, clínicas, hábitos e educação sexual. A contribuição deste estudo é alertar os profissionais de saúde e pesquisadores, para melhor entendimento das ações não estritamente biológicas sobre o comportamento humano, neste caso em especial à sexualidade no climatério e, a maior atenção às queixas das mulheres e de seus parceiros.

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