Estudo comparativo do fluxo sangüíneo cerebral regional (SPECT) entre pacientes esquizofrênicos e controles normais

Publication year: 1998
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas to obtain the academic title of Doutor. Leader:

A esquizofrenia é um distúrbio psicótico grave, que acomete preferencialmente adultos jovens, causando danos que se prolongam durante toda a vida do indivíduo. É de etiologia multifatorial com aspectos genéticos, ambientais e neurobiológicos implicados na sua gênese. As técnicas de neuroimagem têm demonstrado alterações do metabolismo e do Fluxo Sangüíneo Cerebral - regional (FSCr). Neste estudo, objetivamos verificar as alterações do FSCr em esquizofrênicos, quando comparados a controles normais, as regiões afetadas e as correlações com a sintomatologia (positiva ou negativa).

Método:

estudo do tipo controle onde se realizou SPECT cerebral com 99mtc-HMPAO em condições de repouso em 30 esquizofrênicos e 17 controles normais pareados por sexo e idade; fez-se o diagnóstico de acordo com os critérios do DSMIII-R para esquizofrenia; aplicou-se a PANSS para avaliação e mensuração dos sintomas positivos e negativos.

Resultados:

nos esquizofrênicos em relação aos controles, observou-se redução do FSCr no lobo frontal, nos gânglios da base e na área visual, bilateralmente; os pacientes com síndrome negativa (tipo II de Crow) apresentaram redução do FSCr no lobo frontal bilateralmente (mais significativamente no hemisfério esquerdo), nos lobos temporal e parietal esquerdos; pacientes com síndrome positiva (tipo I de Crow) e mista apresentaram redução e aumento do FSCr em diferentes áreas cerebrais; estas alterações foram detectadas apenas qualitativamente.

Conclusões:

pacientes esquizofrênicos apresentam hipoperfusão no lobo frontal e gânglios da base, sugerindo uma alteração fisiológica cortical e subcortical. Pacientes com sintomatologia negativa apresentam hipoperfusão frontal, temporal e parietal esquerdos. A disfunção nestas áreas pode justificar a síndrome negativa que está especialmente relacionada às funções do lobo frontal, como o afastamento social e o embotamento afetivo e do lobo temporal, como a alogia. Pacientes com sintomas positivos e mistos apresentam um padrão de perfusão cerebral variável com áreas de redução e aumento do FSCr, sugerindo uma alteração fisiológica em diversos sitemas e regiões cerebrais, que podem estar hiperfuncionantes (relacionando-se aos sintomas positivos) e hipofuncionantes (relacionando-se aos sintomas negativos). Os neurolépticos podem atuar em regiões cerebrais diferenciadas, o que pode justificar a diversidade dos efeitos terapêuticos e colaterais.

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