Estudo farmacológico do veneno de Bothrops leucurus (serpentes; viperidae)

Publication year: 2001
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Este trabalho trata do estudo farmacológico do veneno de Bothrops leucurus, conhecida como jararaca-do-rabo-branco. Objetivou-se caracterizar suas atividades bioquímicas e imunobiológicas, como forma de avaliar o grau de soroproteção conferido pelos anti-venenos produzidos no Brasil e anti-B. leucurus, produzido na Argentina. Utilizou-se venenos de duas regiões geográficas da Bahia (Região Metropolitana do Salvador - RMS e Sul/Sudeste baiano - SB) e de machos e fêmeas, a fim de se estabelecer possíveis variações geográficas e sexuais. Procedeu-se a determinação da dosagem protéica, perfil cromatográfico e eletroforético, das atividades tóxica, proteolítica, edemaciante, hemorrágica, necrosante, defibrinante, pró-coagulante, miotóxica e sobre a junção neuromuscular, caracterização imunoquímica e neutralização das atividades biológicas da peçonha, frente aos soros antibotrópico-crotálico (SABC) do Instituto Butantan (IB), Instituto Vital Brazil (IVB), Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e Soro anti-B. leucurus do Instituto Carlos Malbrán. O perfil eletroforético do veneno caracterizou-se pela presença de 4 bandas e o perfil cromatográfico por 7 picos, sendo semelhantes nos diferentes pools. Houve variação regional e sexual, nas atividades biológicas, já que o veneno das serpentes do SB apresentou atividade tóxica, hemorrágica, necrosante e miotóxica maior que da RMS, no entanto, a atividade coagulante desta última foi maior que o da primeira. O veneno da fêmeas foi mais coagulante que o dos machos. Todas as amostras induziram mionecrose, caracterizada por "balonização", vacuolização, lesões "delta", hipercontração, condensação das miofibrilas e áreas de degeneração muscular. As amostras, em concentrações a partir de 50 µg/ml, inibiram a transmissão neuromuscular, de maneira dose-dependente e irreversível (com exceção do veneno dos machos), devido às suas ações pós-juncionais. Na dose de 10 µg/ml, veneno de machos e fêmeas induziu aumento na amplitude das respostas musculares, demonstrando ação pré-sináptica. A peçonha de espécimes da RMS foi mais potente em provocar 50 por cento do bloqueio da resposta contrátil que os da SB, assim como o veneno das fêmeas foi mais potente que dos machos. Observou-se inibição da resposta acetilcolínica nas preparações tratadas com 50 e 100 µg/ml das diferentes amostras e da amplitude da resposta muscular, de maneira dose-dependente e irreversível, com variação geográfica e sexual.

More related