Esta dissertação é um estudo acerca das representações e dos arranjos dados por jovens oriundos das camadas populares, em relação à gravidez ocorrida no período da adolescência. Tem por objetivo suprir uma importante lacuna na literatura sobre gravidez na adolescência que constantemente negligencia as discussões em torno da paternidade na adolescência. Assim, são enfocados o contexto dos acontecimentos e as repercussões decorrentes da gravidez para a trajetória biográfica dos jovens a partir da perspectiva masculina. Realizou-se um trabalho de campo associado a entrevistas individuais com jovens-pais e mães de jovens-pais, todos moradores de uma comunidade favelada da cidade do Rio de Janeiro. O conjunto dos participantes é bastante heterogêneo no que tange às biografias individuais e histórias familiares, bem como em relação ao contexto de cada gravidez e dos arranjos dela decorrentes. As histórias contemplam gravidez planejada ou indesejada, tentativas de aborto, arranjos conjugais diversos, distintas formas de apoio familiar, reconhecimento social da paternidade, rejeição do vínculo paterno. A adoção da perspectiva de juventude enquanto processo permite argumentar sobre modos de transição para a vida adulta. Discute-se, assim, em que medida o nascimento de uma criança modula as trajetórias biográficas de jovens, considerando-se questões de gênero e inserção social.