Esta tese pretende discutir duas questões:

a trajetória das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro em direção às políticas sociais e o significado do projeto Vila Olimpica do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira na vida dos jovens que o freqëntam, enfatizando suas experiências presentes e suas expectativas futuras. A fragmentação da vida social nas grandes cidades, o esfacelamento das associações comunitárias, a crescente violência urbana, o anonimato e a predominância das relações utilitaristas fizeram surgir na cidade do Rio de Janeiro ações sociais que tentam reconstruir o tecido social. Nesta direção, no final da década de oitenta, emergem novos atores no cenário das políticas sociais da cidade do Rio de Janeiro, entre eles as escolas de samba. Favorecidas e incentivadas pelas políticas sociais focais propostas pelo Governo Federal, as escolas de samba estendem suas atividades para além do carnaval. Reconhecidas como entidades representativas e promotoras de ações sociais voltadas para o combate da pobreza, desigualdades e exclusão social, desenvolvem projetos no campo social que atendem a diversas faixas etárias, entre elas a juvenil. A Vila Olímpica representa uma destas iniciativas, incluindo-se dentro de uma série de projetos em andamento nas comunidades carentes da cidade que buscam saídas para ampliar as oportunidades dos jovens pobres em situação de risco. Centrado no esporte, o projeto Vila Olímpica tem desempenhado funções pedagógica, de lazer, de entretenimento, profissionalizante e, principalmente, civilizadora, unindo bairros populares e favela em extensas redes de solidariedade e reciprocidade. Apesar dos limites das ações focais, este projeto tem como perspectiva a integração desses jovens à comunidade e à sociedade nacional.