O objetivo desta dissertação é estudar a articulação entre os movimentos sociais organizados brasileiros, mais especificamente o movimento homossexual carioca, e órgãos de Estado, colocando em relevo as formas de negociação e alianças produzidas. Pretende-se fazer um mapeamento dos discursos e das práticas do movimento homossexual através do acompanhamento do dia-a-dia do Disque Defesa Homossexual (DDH). Através do Recebimento de denúncias via telefone, o "serviço" destina-se a coibir a violência contra homossexuais e foi criado em 1999, junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Articulada ainda a esta proposta está a discussão crítica dos conceitos de homossexualidade, violência e cidadania por serem fundamentais para entendimento da dinâmica do funcionamento do "serviço" e porque propostas políticas são produzidas a partir da apropriação que os atores do processo fazem deles. Utilizando a noção de "drama social" para analisar os conflitos que subjazem ao funcionamento do DDH, construo três categorias de atores: o "militante", o "executor do projeto" e o "pesquisador". É a partir da criação de tais categorias de análise que acredito ser possível pensar o DDH dentro da lógica do "drama social". A metodologia empregada combinou a observação de campo por mim realizado nesse mesmo período, entrevistas feitas com alguns participantes do serviço e a leitura de parte do material institucional produzido pelo DDH desde o período de sua criação (julho de 1999) até março de 2001.