O objetivo deste estudo foi avaliar as condiçöes clínicas e microbiológicas periodontais de 35 pacientes com indicaçäo de transplante renal, em quatro diferentes momentos: pré-transplante, aos 30, aos 90 e aos 360 dias após realizaçäo da cirurgia. Nestes momentos foram realizados exames clínicos periodontais e coletas de amostras subgengivais de quatro diferentes sítios por paciente, selecionados através de um exame clínico inicial. Os parâmetros clínicos avaliados foram profundidade clínica de sondagem (PCS), nível clínico de inserçäo (NCI), Índice de Placa (IP) e Índice Gengival (IG). As amostras microbiológicas foram semeadas em meios de cultura seletivos e näo-seletivos, a fim de se verificarem a contagem total de microrganismos e a presença dos supostos patógenos periodontais: Actinobacillus actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Campylobacter rectus, Capnocytophaga sp., Peptostreptococcus micros, Fusobacterium sp., estreptococos beta-hemolíticos, além dos superinfectantes Pseudomonas sp. e Candida sp. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística. Após a cirurgia de transplante renal, os pacientes foram submetidos a um esquema tríplice de imunossupressäo constituído de ciclosporina, azatioprina e prednisolona. Devido à utilizaçäo da ciclosporina, nove pacientes (34,6 por cento) apresentaram crescimento gengival aos 30 dias, 14 pacientes (56 por cento) aos 90 dias e 15 pacientes (62,5 por cento) aos 360 dias, como efeito colateral da droga. Clinicamente pudemos observar algumas diferenças estatisticamente significantes para os parâmetros clínicos avaliados, diferenças essas que väo de encontro às relatadas na literatura. Näo foi constatada qualquer associaçäo entre a dosagem média de ciclosporina e o aparecimento do crescimento gengival, nem entre os parâmetros clínicos periodontais e o crescimento tecidual,com exceçäo da PCS. Os achados sugerem que talvez quanto maior a PCS inicial, maiores os riscos de ocorrência do crescimento gengival. Quanto à avaliaçäo microbiológica, houve diferenças significantes entre os momentos no número de tipos de patógenos periodontais e na contagem total de microrganismos. Nos pacientes que näo desenvolveram o crescimento gengival, as diferenças foram encontradas aos 90 e aos 360 dias em relaçäo ao microrganismo estreptococos beta-hemolíticos...