Realizou-se um estudo epidemiológico tipo caso-controle com duraçäo de um ano, para a determinaçäo de fatores de risco relacionados ao adoecimento de malária, em 8 localidades agrícolas situadas na fronteira de México-Guatemala. [...] Para a identificaçäo dos fatores de risco associados à malária foram realizados testes de Qui-Quadrado de hemogeneidade e tendência e ajuste de "odds-ratio". Os fatores principalmente associados com o risco de contrair malária, segundo as diferentes populaçöes foram: antecedentes pessoais de malária no último ano (odds de Mantel-haenszel 14.88, 9.14-18.87); antecedentes de malária em familiares no último ano (OR7.49, IC 95 por cento 4.38-12.89); alta mobilidade (OR 3.64; IC 2.02-6.49) e näo utilizaçäo de mosquiteiros (OR6.31, IC 95 por cento 5.77-10.51). Quanto ao risco segundo a moradia se observou que aqueles com condiçöes precárias (OR 2.68, IC 1.63-4.56), com vegetaçäo peridomiciliar abundante (OR2.66, IC 1.67-4.21) e proximidade aos criadouros (OR3.02, IC 1.84-4.97) foram altamente associados à malária. Depois de ajustados estes "odds-ratio" mediante a técnica de regressäo logística condicional, os fatores que persistiram associados foram: antecedentes pessoais e familiares de malária, ausência autoproteçäo, vegetaçäo peridomiciliar e proximidade aos criadouros. Ao estratificar estes fatores segundo o seu risco atribuível no total da populaçäo estudada, observou-se que a frequência de antecedentes pessoais de malária no ano prévio foi de 79.5 por cento, de atividades vespertinas em 64 por cento, de moradia precária em 53 por cento, de sorologia positiva em 51 por cento, da näo utilizaçäo de mosquiteiro em 43 por cento, da alta mobilidade em 29 por cento e da proximidade dos criadouros em 26 por cento, todos apresentando importância por sua exequibilidade de serem modificados. Observou-se também, que existiam aglomeraçäo de casos em certas moradias e em determinadas áreas das localidades, sugerindo-se a existência de micro-nichos. No mesmo sentido, se observou que 63 por cento dos episódios de malária aconteceram em 31 por cento da populaçäo, o que sugere existir uma subpopulaçäo de alto risco. Estes resultados apontam para a necessidade de que outras medidas possam ser aplicadas seletivamente para proteger o hospedeiro e modificar o ambiente, conseguindo assim reduzir a morbidade por malária na regiäo.