Diversidade genética e genes de virulência em Vibrio Mimicus

Publication year: 2001
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Vicente, Ana Carolina Paulo

A espécie V.Mimicus foi proposta inicialmente para classificar isolados bioquimicamente atípicos de V. cholerae non-01. Atualmente está claro que as duas espécies diferem em um número significativo de características fenotípicas e genotípicas. Ambas as espécies têm como habitat natural os ecossistemas aquáticos, onde podem ser encontradas sob a forma livre ou em associação com outros organismos. Para melhor compreender a biologia e genética do V.Mimicus nós trabalhamos com isolados ambientais e clínicos analisando sua diversidade genômica e caracterizando genes associados à virulência. Foi demonstrado que através do perfil isoenzimático(MEE) é possível separar estas duas espécies relacionadas em dois grupos distintos, sendo para isto necessário apenas a combinação de quatro loci. Considerando os resultados das análises por RAPD-PCR, REP-PCR, perfil de isoenzimas e até mesmo nos resultados das provas bioquímicas, V.Mimicus têm se apresentado como um grupo geneticamente heterogênio. Também demonstramos que a abordagem que usa PCR específico para região intergênica dos genes ribossomais, proposta por Chun et al(1999), para distinguir as duas espécies, dá resultados falso positivos para V. Mimicus. Detectamos em 50 por cento de nossas amostras o gene da toxina termoestável. Determinamos, pela primeira vez, que o gene stm presente em V. Mimicus está associado às sequências repetitivas de V. Cholerae(VCR) e que estas sequências estão também ladeando várias outras regiões como acontece em V.Cholerae. Foi identificada a presença, em dois distintos isolados ambientais, do genoma completo do VPI(profago contendo a ilha de patogenicidade de vibrio). O isolado 573 carreia um novo alelo do gene tcpA e o outro(343) possui alelo similar aquele característico de V.Cholerae biotipo clássico. Os dois isolados contém também o genoma do CTX, o isolado 573 possui cópia completa correspondente ao genótipo encontrado em isolados do biotipo ElTor isolado na Austrália enquanto que o outro(343) apresentava todos os genes da região do core exceto o operon ctxAB. Podemos concluir que distintos clones de V.Mimicus não toxigênicos estão evoluindo através da aquisição independente de distintas ilhas de patogenicidade. Esta espécie pode atuar na disseminação de genes de virulência assim como representar um reservatório natural do gene da toxina termoestável. O conjunto dos resultados sugerem ser possível a emergência de um novo isolado de V. Mimicus toxigênico e epidêmico.

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