O objetivo principal deste trabalho foi estudar o desenvolvimento e homeostase glicídica de filhotes de ratos Wistar cujas mães estiveram submetidas dietas com 4, 8 e 12 por cento de proteínas durante as duas primeiras, duas últimas ou ainda durante as três semanas do período lactacional. Em quaisquer dos períodos de restrição estudados, as dietas com 4 e 8 por cento de proteínas promoveram redução no consumo médio das ninhadas para 60 e 80 por cento, respectivamente, em comparação com os animais-controle (sem tratamento dietético). Após o tratamento dietético, não houve diferença no consumo dos animais. Em função da alternação no consumo, os animais alimentados com 4 e 8 por cento de proteínas apresentaram um atraso significativo no ganho de peso corporal, tanto no período de tratamento como durante a recuperação dietética. Os animais alimentados com dietas com 4 por cento de proteínas apresentaram, no final do tratamento dietético, menores níveis de proteínas e triglicérides plasmáticos, indicações, indicações de alterações no metabolismo. As alterações observadas nos níveis de triglicérides mostraram-se irreversíveis, até a idade adulta. A glicemia de jejum foi menor, em comparação com os animais-controle, apenas nos animais submetidos a dietas com 4 por cento, durante toda a lactação. A insulinemia, entretanto, mostrou-se reduzida em todos os animais do grupo C (desnutrição durante toda a lactação), nos animais 4 por cento do grupo B (nas duas últimas semanas da lactação) e nos animais 4 e 8 por cento do grupo A (duas primeiras semanas da lactação). Os animais dos grupos A e C mostraram, em comparação com os animais-controle, um certo grau de intolerância à glicose, principalmente nos primeiros 15 minutos, após a infusão do açúcar. A insulinemia dos primeiros 30 minutos, após a administração da glicose, mostrou-se reduzida nos animais dos grupos A e C, quando alimentados com dietas com 4 e 8 por cento de proteínas. Essa redução não mostrou ter relações com a massa das células bea (VER), com o conteúdo de insulina das ilhotas ou com o metabolismo da glicose das ilhotas, uma vez que tais parâmetros não foram alterados pela desnutrição. A redução na capacidade de hidrolisar os fosfoinositídios observada nas ilhotas dos animais desnutridos provavelmente se constitui em um dos mecanismos relacionados com as alterações na secreção de insulina apresentados pelas ilhotas desses animais.