Estudo sobre a participação das proteínas de fase aguda alfa-2-macroglobulina e proteína C reativa na infecção por Trypanosoma cruzi
Publication year: 1996
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader:
Alfa-2-macroglobulina (A2M), proteína inibidora de protease, é encontrada no plasma e tecidos de mamíferos. Camundongos e humanos infectados por T. cruzi apresentaram aumento nos níveis de A2M durante a fase aguda da doença. Examinou-se por citometria de fluxo (CF) a ligação de A2M-protease (A2M-P) a macrófagos peritoneais de camundongos C3H e C57/B/6 infectados com T. cruzi observando que o receptor para A2M está mais expresso em C57/B1/6 do que em C3H e é positivamente modulado em ambas as cepas durante a fase aguda da infecção. Pela técnica de imunofluorescência (IF), A2M foi detectada no coração de camundongos Swiss durante a fase aguda da infecção por T. cruzi. Geralmente A2M co-localizava com os ninhos de amastigotas e com antígenos do parasita espalhados no miocárdio inflamado. A marcação mais intensa de A2M no tecido cardíaco foi correlacionada com o dia de pico do parasitismo tissular nos animais infectados. Análises de IF indireta sugeriram que A2M++liga-se in vivo à superfície de T. cruzi. Estudos através das técnicas de ELISA e de CF caracterizaram a ligação in vitro de A2M nativa (A2M-N) e A2M-P a formas tripomastigotas obtidos por cultivo em meio definido. A ligação de A2M-N ao parasita foi mais forte em pH 5.0 e inibidores de cisteíno- e serino-proteinases interferiram nesta ligação. Aproximadamente 80 dos parasitas ligaram A2M-P conjugada a FITC com alta afinidade, em processo dependente da concentração e revertido pela adição de A2M-P não marcada, de EDTA, ou ainda pela incubação em pH ácido, sugerindo a presença de um receptor para A2M. Experimentos de IF indireta destinados a detectar a ligação de proteína C reativa (CRP), proteína de fase aguda em humanos, a formas circulantes de T. cruzi foram prejudicados, pois soros anti-CRP humana se ligavam ao parasita. Ensaios de ELISA, de CF e de "western blot" mostraram que três soros policlonais monoespecíficos e dois anticorpos monoclonais anti-CRP humana se ligavam à superfíciede metacíclicos de T. cruzi obtidos por cultivo em meio definido. Essa ligação é específica, dose-dependente e saturável. O uso de EDTA impede o reconhecimento antigênico pelos anti-soros. Em análises de "western blot" de extratos do parasita, uma banda proteica em torno de 20 kDa é reconhecida pelos anti-soros. Os resultados indicam que uma possível molécula "CRP-like" é expressa na superfície de T. cruzi.