A deficiência orgânica de ferro tem maior prevalência entre crianças nos dois primeiros anos de vida. É um problema de Saúde Pública näo só pela magnitude com que ocorre, mas, principalmente, em decorrência das conseqüências na qualidade de vida futura das crianças afetadas. Varias estratégias säo propostas para controle da deficiência do mineral e uma das açöes de prevençäo é a orientaçäo nutricional às mäes lactentes. Este estudo teve como objetivo determinar a prevalência da deficiência do ferro, entre crianças de 6 a 24 meses, do Ambulatório de Pediatria Preventiva do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Neste local säo realizadas Açöes Programáticas de Educaçäo em Nutriçäo (orientaçäo nutricional) por alunos do Curso de Graduaçäo e Pós-graduaçäo em Medicina, que têm, entre outros objetivos, o controle da anemia ferropriva. O delineamento do estudo foi transversal, medindo-se o nível da concentraçäo de hemoglobina em 229 crianças e a ferritina sérica em 180 delas. A anemia (concentraçäo de hemoglobina menor que 11g/dL) foi observada em 44,6por cento das crianças, estando estatisticamente associada a crianças de peso/idade com percentil < 5; com 6 a 12 meses de idade; de mäes com 4 ou menos anos de estudo; com gestaçöes de idade gestacional entre 37-39 semanas; com freqüência de aleitamento materno de 5 vezes ou mais vezes ao dia; com pré-natal realizado fora do Serviço e morando com mais de 4 pessoas na mesma casa. A deficiência de ferro (FS , 10 mg/dL) foi observada em 52,8por cento das crianças, persistindo elevada no segundo ano de vida. Este dado ressalta a importância do ferro de maior relevância na etiologia da deficiência. Destaca ainda, a necessidade de manutençäo da suplementaçäo do mineral após os 12 meses de idade. Conclui-se que a prevençäo, mesmo quando através da orientaçäo da dieta alimentar adequada e sistemática, isoladamente, näo foi suficiente para controlar o déficit nutricional de ferro.