Näo há guarda chuva contra o amor: estudo do comportamento reprodutivo e de seu universo simbólico entre jovens universitários da USP
Publication year: 2002
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Saúde Materno-Infantil to obtain the academic title of Doutor. Leader:
Teve por objetivo investigar as práticas e as representaçöes ligadas à vida reprodutiva entre jovens universitários da Universidade de Säo Paulo (USP), especialmente aquelas dirigidas à contracepçäo e à prevençäo de doenças sexualmente transmissíveis, no âmbito das relaçöes heterossexuais. A pesquisa foi dividida em duas fases. Na primeira, foi elaborada uma amostra representativa dos estudantes matriculados em cursos de graduaçäo da USP, na cidade de Säo Paulo, no ano de 2000, e foram entrevistados 952 alunos e alunas com idade entre 17 e 24 anos. Na segunda, foram gravadas entrevistas em profundidade com 33 estudantes que se ofereceram voluntariamente para continuar participando da pesquisa. O uso do condom é freqüente entre os estudantes universitários, principalmente na primeira relaçäo sexual, porém apresenta descontinuidades e negligência. A contracepçäo é cercada de descuidos, erros e esquecimentos e os estudantes mencionam que utilizam métodos de baixa eficácia, como o coito interrompido e a abstinência periódica para regular a fecundidade. Os estudantes manifestam um forte desejo de adiar a fecundidade. Os resultados da pesquisa indicam que uma complexa rede de representaçöes simbólicas subsidia as condutas diante da contracepçäo e da saúde reprodutiva. Isto constrói o sentido da sexualidade, classificando-a, definindo regras e obrigaçöes segundo cada situaçäo e orientaçäo práticas. Questöes de gênero pontuam os discursos sobre os temas tratados. As diferentes concepçöes sobre o ôficarö e o namorar, a opçäo pelo método contraceptivo, as representaçöes sobre as responsabilidades do homem e da mulher frente à contracepçäo e, especialmente, os discursos sobre o aborto revelam a importância que os diferenciais de gênero assumem perante a construçäo do sentido da sexualidade e da vida reprodutiva. O estudo indica que os diferenciais de gênero estäo presentes desde o processo de rotulaçöes e significaçöes que säo sentido à vivência da sexualidade e da regulaçäo da fecundidade até o âmbito das políticas públicas voltadas para a saúde reprodutiva dos jovens, revelando uma importante lacuna nos serviços de saúde que necessita ser contemplada por políticas públicas capazes de promover a eqüidade de gênero na atençäo à saúde reprodutiva e de incluir os jovens do sexo masculino nos serviços de saúde