Cuidar em família: análise da representaçäo social da relaçäo cuidador familiar com o idoso

Publication year: 2002
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Prática de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:

Investiga o cotidiano dos cuidadores familiares de idosos com idade a partir de 70 anos, e com incapacidade funcional. Objetiva compreender o que é para esse cuidador familiar o ato de cuidar e como ele vê esse idoso objeto do cuidado. O universo da pesquisa abrangeu 17 cuidadores familiares de idosos, da área de abrangência do Centro de Saúde Escola Geraldo Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da USP, e participantes do "Projeto Capacidade", Programa de Assistência ao Idoso no Domicilio. A Metodologia utilizada foi a qualitativa, e a estratégia metodológica para analise das entrevistas foi a do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Diferentes representaçöes sociais foram extraídas dos discursos desses cuidadores familiares.

Os sentimentos que levaram esses cuidadores a se comprometerem com o cuidado ao idoso foram:

preocupaçäo de algo errado acontecer com o idoso, retribuindo ao que recebeu na infância, desgaste e sobrecarga do cuidado, dever e obrigaçäo, inversäo de papeis na relaçäo, mäe-filho, ambivalência de sentimentos, entre outros.

Para esses cuidadores existem dois tipos de cuidados:

um técnico, em que o conhecimento, a obtençäo de informaçäo e o suporte e respaldo médico säo necessários para o seu cotidiano de cuidado; e um saber leigo, em que o cuidado é o resultado da boa vontade, intuiçäo, é saber desempenhar as Atividades de Vida Diária e também favorecer a independência e dar suporte ao idoso.

As representaçöes quanto à possibilidade do asilamento dos idosos foram:

a família cuida melhor, pois impede que o idoso fique deprimido; a família lança mäo da institucionalizaçäo quando näo possui um familiar para cuidar do idoso, e quando o idoso esta muito dependente necessitando de cuidados especiais. A institucionalizaçäo é entendida como maléfica, pois provocaria a morte do idoso, näo sendo aceita nem pelo idoso nem pelo cuidador. Para esses familiares, também: a filha mulher é a pessoa mais capacitada para cuidar do idoso, os filhos näo devem abandonar seus pais e o Estado näo deve abandonar seus velhos, os idosos däo muito trabalho para os cuidadores e só o plano de saúde garante atendimento médico. Salienta-se que os cuidadores do presente estudo cuidam de seus idosos com respeito e dignidade embora sintam-se, muitas vezes, desencorajados pelo desgaste e pelas dificuldades que cotidianamente têm que enfrentar, sem a ajuda e respaldo necessários, solitários e desprovidos de atençäo.

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