Trabalho multifacetado de professores/as: a saúde entre limites
Publication year: 2002
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Brito, Jussara Cruz de
Visa desenvolver uma análise que levasse à compreensão da dinâmica da relação trabalho/saúde dos docentes, revelando aspectos dessa relação e as formas de combate tecidas nos conflitos e tensões do cotidiano, afirmando a vida nas suas diferentes dimensões e incorporando a perspectiva de gênero. Focamos nossa atenção na análise de fatores que contribuem para a sobrecarga de trabalho (termo utilizados pelos/as trabalhadores/as), visando revelar também que tipos de movimentos são feitos pelos professores e professoras para instalar novas normas de saúde diante de condições tão adversas. Teve como universo as/os professores/as do ensino médio de uma escola estadual da cidade do Rio de Janeiro. Trabalhamos dentro da perspectiva da saúde do trabalhador incorporando também a Ergonomia, como uma ferramenta que ampliou os instrumentos de análise para esse estudo. O que se contatou foi que "sobrecarga" refere-se a um conjunto de elementos de naturezas diferentes, a atividades realizadas em espaços diferentes (diversas escolas, dentro e fora da sala de aula, diferentes salas de aula, deslocamentos). Está associada à "variabilidade" do trabalho determinada pela gestão, pela política educacional, pela composição e tamanho das turmas, pela infra-estrutura material das escolas e pelo tempo. Para lidar com as diversidades e as variabilidades do trabalho são necessárias "regulações", que diante da situação de trabalho limitante, geram consequências tanto na saúde quanto no desempenho profissional. As/os professoras/es possuem, apesar das limitações relacionadas a fatores institucionais, pedagógicos, e burocráticos, certa flexibilidade na execução do trabalho, como na utilização da criatividade na elaboração das atividades. Entretanto, diante do quadro atual do sistema educacional, as/os professoras/es acabam por assumir diversas jornadas, reduzindo sua margem de manobra em função do excesso de atividades, do tempo despendido com o trabalho que extrapola os limites da sala de aula, do cansaço físico e mental acumulado e os deslocamentos e consequentemente aumentando a carga de trabalho.