Para registro da incidência da infecção pelo HIV, o Projeto Praça Onze seguiu entre 1994 e 1996, com observações semestrais, uma coorte prospectiva, aberta, constituída por homens que fazem sexo com homens, voluntários entre os 19 e 50 anos de idade, residentes no Rio de Janeiro e soronegativos.

O objetivo do presente estudo foi pesquisar neste grupo a variabilidade do uso do preservativo masculino sob duas formas:

o uso do preservativo e seu uso sistemático nos seis meses anteriores à pesquisa. As duas variáveis dependentes foram associadas pelo teste quiquadrado às variáveis de vulnerabilidade na admissão. A vulnerabilidade social, foi importante, sem associações significativas. O baixo acesso ao preservativo destacou-se na vulnerabilidade programática, sem também ter apresentado associação significativa. A dimensão de vulnerabilidade individual, registrou seis associações significativas. O uso da camisinha foi preferido em função da parceira, menos do que com a prática sexual. Foi constatado um bom nível de conhecimentos sobre HIV/Aids, e uma diferente percepção de risco perante a infecção pelo HIV. A verificação nas freqüências das variáveis dependentes na segunda visita, (V12) e na quinta, (V24) não indicaram o crescimento visível do uso do preservativo, registrando-se a diminuição importante de respondentes. As conclusões orientam intervenções no âmbito do acesso ao preservativo e da percepção de risco.

A vulnerabilidade encontrada levanta questões sobre a nobreza da pesquisa em relação à conduta ética em estudos de incidência:

será ético, seguir uma população em alto risco de infecção pelo HIV, sem que seja proporcionada a maior disponibilidade de preservativos?