O modo de vida da mãe e a saúde infantil: estudo realizado no Distrito Federal, Brasil

Publication year: 1998
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Programa Interunidades to obtain the academic title of Doutor. Leader:

O estudo teve como objetivo investigar o modo de vida materno, que abrange tanto as condições materiais de existência como fatores ligados ao estilo de vida, visando identificar até que ponto as políticas de saúde estão atendendo às necessidades de mães e crianças identificadas como população-alvo. Os modelos epidemiológicos, em particular, a Medicina Preventiva, a Atenção Primária de Saúde e a Promoção da Saúde que serviram de fundamentação teórica-metodológica para a elaboração dessas políticas, foram utilizados como referencial teórico. A população amostrada foi composta por dezessete mães, na faixa etária de 19 a 29 anos, de baixa escolaridade, com filhos menores de 6 anos, residentes em três núcleos populacionais localizados na periferia do Distrito Federal, contactadas nas unidades básicas de saúde e, posteriormente, entrevistadas em seus domicílios, utilizando-se como metodologia a história de vida tópica para captar suas necessidades, preocupações e estratégias utilizadas na criação dos filhos, bem como, determinações sociais mais amplas. Os dados foram agrupados em onze categorias empíricas, revelando um perfil socioeconômico caracterizado por más condições de moradia, dificuldades financeiras, desemprego, carências nutricionais e acesso a uma infra-estrutura pública mínima que inclue serviços básicos de saneamento, educação e assistência médica, porém com falhas visíveis no que tange à segurança pública, assistência social e outros serviços de apoio social. O estilo de vida da mãe está condicionado à criação dos filhos e tarefas domésticas num esquema marcado por comportamento reprodutivo precoce, confinamento no espaço doméstico e pouquíssimo lazer. A mãe desenvolve uma diversidade de atividades em todo o processo saúde-doença, utilizando-se de um saber próprio sobre saúde, fortemente influenciado pelas crendices populares. Concluiu-se que as mães e crianças pesquisadas estão sendo assistidas em determinadas necessidades básicas, sobretudo naquelas já delineadas pelos dois primeiros modelos de atenção à saúde, embora persistam deficiências importantes em relação à qualidade da assistência de saúde e o acesso da mãe à informação sobre saúde. Para conseguir um aprimoramento da saúde infantil é preciso melhorar a situação da mãe, o que aponta para a necessidade de se repensar o papel da unidade básica de saúde na sociedade, sobre tudo, no sentido de torná-la um espaço importante de fortalecimento das políticas de promoção da saúde.

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