Tratamento para tuberculose com estreptomicina: perfil auditivo e vestibular

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães to obtain the academic title of Mestre. Leader: Medeiros, Zulma Maria

A tuberculose é uma doença endêmica, cuja incidência aumentou nos últimos anos. O tratamento é realizado com a administração de drogas tóxicas; face à multirresistência, o uso de drogas com potencial de toxicidade tende a aumentar. A toxidade pode causar alterações no funcinamento do organismo, acarretando deficiências e incapacidades em sistemas vitais, inclusive o auditivo. A estreptomicina é uma droga usada no tratamento da tuberculose, para os casos de falência a tratamentos anteriores, e descritia na literatura como tóxica ao sistema vestibular e auditivo. Este trabalho tem por objetivo descrever o perfil auditivo de pessoas que realizaram tratamento para tuberculose, com estreptomicina, para tratamento da tuberculose, em 2000 e 2001. A amostra foi constituída por 36 pessoas tratadas com estreptomicina por, no mínimo, 15 dias. Os pacientes foram submetidos a entrevista, meatoscopia, audiometria e ao teste de emissões otoacústica.

As características predominantes foram:

sexo masculino (79,4 por cento), forma pulmonar da doença (94,4 por cento) e faixa etária média de 38,8 anos. Apenas uma pessoa fez uso da combinação de drogas que inclui a estreptomicina, preconizada pelo PNCT; os demais foram submetidos a tratamento com 12 diferentes combinações de drogas e mais a estreptomicina. Dentre os 36 pacientes, 75,1 por cento apresentaram algum tipo de alteração auditiva, sendo a mais freqüente a sensório-neural (63,9 por cento), na forma bilateral (62,9 por cento), com predomínio das freqüências agudas, a partir de 4.000Hz. As emissões otoacústicas transientes e produto de distorção apresentaram resultados compatíveis com as das audiometrias. Não houve comprovação de associação significativa entre as alterações auditivas e vestibulares, quando comparadas com as variáveis: sexo, faixa etária, número de drogas associadas à estreptomicina, tempo de uso da estreptomicina, tratamento anterior, doenças associadas, casos de tuberculose na família, antecedentes de alteração auditiva e exposição ao ruído. Os resultados deste estudo sugerem a necessidade de estruturação de um sistema de monitoramento auditivo para melhor atendimento desta população.

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