Estudo da associação entre exposições ambientais e ocupacionais e a ocorrência de fendas lábio-palatinas em uma amostra hospitalar
Publication year: 2002
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Paumgartten, Francisco José Roma
As fendas lábio-palatinas constituem uma das malformações faciais mais comumente descritas, sendo subdivididas em 2 grandes grupos: fendas lábio-palatinas (FLP) e fendas palatinas isoladas (FP). Resultantes de falhas de fusão dos processos faciais entre a 6ª e 10ª semana de vida intra-uterina são, provavelmente, ocasionados pela interação de processos genetivamente determinados e a resposta celular a fatores ambientais. Após a revisão sistemática da literatura internacional, foi conduzido um estudo caso-controle de base hospitalar, reunindo 274 casos de [(FLP) + FP] não sindrômicas, pareando seus controles (2) por idade ( 2 meses), sexo e região de procedência. A análise de regressão logística condicional exibiu medidas de risco (OR) e seus respectivos intervalos de confiança (IC 95 por cento) para algumas exposições concordantes com a literatura, bem como identificou possíveis fatores de risco ainda não descritos. No universo de casos analisados, a história de ocorrência de fendas orofaciais na família paterna (OR 14,01; IC 95 por cento 6,32-32,01) e materna (OR 5,96; IC 95 por cento 1,33-11,84), bem como a história de outros tipos de malformações familiares (OR 2,04; IC 1,33-11,84) foram considerados fatores de risco. Quanto ao estilo de vida dos pais, o mesmo comportamento foi demonstrado pelo tabagismo materno passivo (OR 1,48; IC 95 por cento 1,01-2,01) e o etilismo materno no primeiro trimestre (OR 2,16; IC 95 por cento 1,39-3,35). A análise das condições de saúde materna confirmam a elevação de risco para antecedentes de crises convulsivas (OR 8,01; IC 95 por cento 2,23-28,81), quadros de infecção ginecológica (OR 2,77; IC 95 por cento 1,50-5,10) e condições classificadas como viroses (OR 7,57; IC 95 por cento 2,46-23,32). A administração de medicamentos como antibióticos, anticonvulsivantes, antifúngicos e consumo freqüente de chás (preto e mate, especialmente) também estiveram associados à ocorrência. O consumo de complexos vitámínicos no primeiro trimestre foi identificado como fator de proteção, embora não estatisticamente significativo. Quanto a exposições ambientais foram identificados como fatores de risco a proximidade residencial a fábricas/indústrias e o uso habitual de inseticidas comerciais ou decorrente do controle público de vetores. O risco ocupacional materno foi identificado em trabalhadoras domésticas (OR 2,34; IC 95 por cento 1,43-3,85) e nas atividades da área da saúde (OR 4,33; IC 95 por cento 0,99-27,81).