Tendências e diferenciais socioeconômicos da mortalidade por câncer bucal e de glândulas salivares no município de Säo Paulo, de 1980 a 2000
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Prática em Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader:
Objetivo. Discutir a evoluçäo da mortalidade por câncer bucal e de glândulas salivares no município de Säo Paulo, entre 1980 e 2000, bem como associar tal condiçäo a indicadores de desigualdade social. Métodos. Os dados sobre mortalidade por câncer bucal no período foram levantados a partir do banco de dados da Fundaçäo Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), segundo os códigos 140.0 a 145.9 da 9ª ediçäo da Classificaçäo Internacional de Doenças (CID-9) e C00.0 a C08.9 de sua 10ª ediçäo, com discriminaçäo por sexo, localizaçäo anatômica e distrito de residência. Os dados populacionais do município foram obtidos por meio dos censos de 1980, 1991, contagem populacional de 1996 e censo 2000, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os indicadores de condiçäo social dos distritos da cidade foram levantados a partir da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e dos recenseamentos gerais de populaçäo. Realizou-se uma análise de tendência da evoluçäo recente da mortalidade por local, e um estudo ecológico para a associaçäo de indicadores de mortalidade por câncer bucal e de glândulas salivares e condiçäo sócio - econômica por área do município. A presente pesquisa envolveu apenas o estudo documental de dados secundários e de literatura. Resultados. Câncer de língua foi responsável por quase 50 por cento dos óbitos no período de 1980 e 2000. A maioria das localizaçöes anatômicas apresentou tendência estável, com exceçäo de câncer de lábio e de gengiva, que apresentaram declínio, e partes näo especificadas da cavidade bucal, que apresentou tendência de aumento. Para todas as localizaçöes anatômicas, homens foram mais acometidos que mulheres, numa proporçäo de 3:1. Houve correlaçäo de -0,238 (p=0,009) para anos de estudo e risco de óbito por câncer bucal; com relaçäo ao chefe da família sem instruçäo ou com 1º grau incompleto, houve correlaçäo positiva de 0,200 (p=0,025), e de -0,341 (p<0,001) para chefe da família com formaçäo universitária, além de -0,362 (p<0,001) para renda média familiar, -0,268 (p=0,004) para presença de domicílio quitado, e coeficiente de Gini com correlaçäo de 0,275 (p=0,004) relacionado ao risco de óbito por câncer bucal e glândulas salivares. Distritos com maior proporçäo de óbitos possuíam piores indicadores de desenvolvimento social, sugerindo que o risco de óbito por câncer bucal e de glândulas salivares se relaciona de maneira estreita com iniqüidades sociais relacionadas à saúde.